Reforma da energia (México, 2013): antecedentes, características, vantagens e desvantagens

A reforma energética (México, 2013) foi uma mudança constitucional apresentada por Enrique Peña Nieto, presidente mexicano da época, em 12 de agosto de 2013. A reforma foi aprovada pelo Senado e pelo Congresso em dezembro do mesmo ano, entrando em vigor. vigor no dia 21, quando foi publicado pelo Diário Oficial da Federação.

O escopo da mudança legislativa foi a política energética do Estado mexicano, especialmente em relação ao petróleo e sua exploração. Em 1938, o presidente Lázaro Cárdenas nacionalizou a indústria petrolífera e, décadas depois, outras reformas foram realizadas, o que reforçou a exploração desses recursos pelo Estado.

A intenção de Peña Nieto era liberalizar parte desse mercado. Embora a reforma tenha mantido a propriedade dos depósitos nas mãos do Estado, sua aprovação abriu a possibilidade de que eles pudessem ser explorados por empresas privadas.

Da mesma forma, promoveu o desenvolvimento do sistema elétrico para que fosse baseado em princípios econômicos, embora o poder de regulação pelo estado fosse mantido. Esta reforma teve, e ainda tem, defensores e opositores. Dependendo do setor, existem diferentes vantagens e desvantagens de sua implementação.

Plano de fundo

A Constituição de 1917, produto da Revolução Mexicana, incluiu um artigo fundamental para a política energética do país. Assim, o artigo 27 estabeleceu o controle estatal sobre o subsolo do país e seus recursos naturais, incluindo o petróleo e o restante dos carbonetos de hidrogênio.

Além disso, estabeleceu que o governo poderia oferecer concessões a indivíduos para explorar os depósitos.

Expropriação petroleira

A lei que regulamenta o mencionado artigo constitucional só veio a ser desenvolvida muito mais tarde. Foi em 1938, quando o presidente Lázaro Cárdenas emitiu um decreto pelo qual ele nacionalizou a indústria do petróleo e deu ao Estado o direito exclusivo de explorar hidrocarbonetos.

Durante esse mesmo período, uma lei foi publicada para criar os instrumentos necessários para celebrar contratos com indivíduos para que eles pudessem explorar os depósitos, embora sempre em nome do governo federal. Da mesma forma, estabeleceu as condições para a distribuição de gás.

Outras reformas

Em 1958, uma nova lei afetou o artigo 27 da Lei Constitucional. Neste caso, a opção de assinar contratos com indivíduos foi eliminada. Desta forma, todas as atividades produtivas foram deixadas para a Petróleos Mexicanos. Dois anos depois, essa lei foi incluída na própria Magna Carta.

Ernesto Zedillo

Depois de várias décadas com a mesma legislação, 1999 começou a falar sobre uma nova reforma energética. O presidente Ernesto Zedillo apresentou um projeto de lei perante o Senado para legislar sobre a privatização de algumas áreas dos setores elétrico e petrolífero.

Reforma Energética de 2008

O governo de Felipe Calderón, já em 2008, proclamou a necessidade de realizar uma profunda reforma energética no país. A intenção do presidente era abrir a indústria do petróleo para empresas privadas.

Sua proposta era reformar o funcionamento jurídico da Petróleos Mexicanos e das demais organizações ligadas ao setor de energia. Com essa mudança, eles poderiam assinar contratos com terceiros para impulsionar a atividade industrial. No entanto, a reforma não afetou a propriedade dos recursos, que permaneceram nas mãos do estado.

Calderón disse que a PEMEX estava em estado de quase falência. As razões foram a queda na produção de petróleo e reservas, por isso era essencial procurar novos depósitos em águas profundas. No entanto, a falta de experiência da empresa nessa atividade, fez com que fosse necessário buscar parceiros privados.

Enrique Peña neto

Ainda candidato à presidência do país, Peña Nieto comprometeu-se a realizar uma nova reforma energética. O político apontou que era a única maneira de reduzir os preços da eletricidade e que a população se beneficiaria.

Depois de vencer as eleições, Peña Nieto foi trabalhar. Sua reforma foi finalmente aprovada em dezembro de 2013. Nela, foi aberto o mercado de energia para as empresas competirem por sua exploração.

Funcionalidades

Embora, em termos gerais, a PEMEX tivesse obtido bons resultados por cinquenta anos, o mercado global havia mudado muito. A necessidade de se adaptar à nova realidade foi uma das razões dadas para levar a cabo a reforma.

A mudança legislativa foi profunda. As diferentes agências que participaram da reforma tiveram que elaborar sete leis e reformar outras oito que já estavam em operação.

Leis envolvidas

As 7 novas leis que tiveram que ser promulgadas foram as seguintes:

Lei dos Hidrocarbonetos. 2. Lei do Setor Elétrico. 3. Lei da Energia Geotérmica. 4. Lei da Petróleos Mexicanos. 5. Lei da Comissão Federal de Eletricidade. 6. Lei dos Órgãos Reguladores Coordenados em Matéria Energética. 7. Lei da Agência Nacional de Segurança Industrial e Proteção do Meio Ambiente do Setor de Hidrocarbonetos.

Por outro lado, os oito que foram reformados foram:

Lei do Investimento Estrangeiro. 2. Lei de Mineração. 3. Lei das Associações Públicas Privadas. 4. Lei Nacional da Água. 5. Lei Federal das Entidades Paraestatais. 6. Ley de Acquisiciones, Locações y Servicios del Sector Público. 7. Lei de Obras Públicas e Serviços Relacionados. 8. Lei Orgânica da Administração Pública Federal.

Propriedade de hidrocarbonetos

A reforma promovida pelo governo de Peña Nieto não revogou a propriedade estatal de hidrocarbonetos de uma renda de petróleo.

Por outro lado, a parte adicionada em 1960 ao artigo 27 da Constituição foi eliminada. Essa emenda proibia contratos para a extração de hidrocarbonetos. Com a reforma, a participação do setor privado na exploração e exploração de depósitos de hidrocarbonetos em troca de um pagamento baseado nos benefícios tornou-se legal.

Da mesma forma, a reforma aboliu completamente o artigo 28 da Constituição, que permitia aos particulares participar diretamente da cadeia de valor após a extração. Isso envolveu questões como transporte, como refino. Para isso, as empresas precisavam solicitar permissão do Estado.

Finalmente, o PEMEX foi dividido em duas partes. O primeiro passou a lidar com exploração e produção, enquanto o segundo assumiu a transformação industrial.

Contratos

Com a reforma energética, foram criados quatro tipos de contratos combináveis ​​sobre hidrocarbonetos. Estes podem ser serviços, utilidade compartilhada, produção compartilhada e licenças. Através dos três últimos, o Estado pode transferir para os contratantes os riscos financeiros e ecológicos da operação.

Cada um dos contratos assinados deve ser aprovado pelo Estado mexicano e passar por um processo de licitação pública. Segundo a lei, o vencedor será aquele que oferecer mais benefícios ao país.

Serão celebrados contratos de prestação de serviços, utilidades e produção compartilhada, bem como licenças que serão cedidas pelo Estado mexicano através de licitações públicas, onde o fornecedor vencedor será aquele que oferecer o maior lucro para o país.

Por outro lado, as empresas vencedoras das licitações têm permissão para participar da atividade do mercado de ações.

Finalmente, o governo reserva-se o direito de suspender os contratos que não cumprirem as condições com as quais foram assinados, tanto por não cumprir o trabalho como por fornecer informações falsas. Todas as empresas concessionárias estão sujeitas à legislação mexicana.

Concorrência no setor de energia

Um dos pontos-chave da reforma foi a abertura à concorrência entre empresas para assumir as fazendas. Assim, a reforma permite que empresas privadas, nacionais ou estrangeiras, invistam em depósitos de hidrocarbonetos.

Instituições Reguladoras

Para controlar o setor de energia, o Estado mexicano estabeleceu que quatro instituições serão responsáveis ​​pela supervisão de toda a reforma. Estas eram a Secretaria de Energia (Sener), o Ministério das Finanças e do Crédito Público (SHCP), a Comissão Nacional de Hidrocarbonetos (CNH) e o Fundo Mexicano de Petróleo.

Todas as empresas que se tornam parte do mercado de energia no México devem passar pelo controle dessas quatro agências, seja para obter contratos ou para coletar os lucros.

Transparência

Uma das grandes preocupações de muitos setores era controlar que não havia casos de corrupção. A reforma, para evitar isso, estabeleceu uma série de mecanismos para garantir a transparência.

Entre esses procedimentos está a obrigação de tornar públicos todos os contratos firmados, além dos pagamentos feitos às empresas envolvidas.

Da mesma forma, foi proibido para qualquer membro das comissões e instituições governamentais se encontrarem privadamente com executivos da companhia de petróleo.

Pemex e CFE

A reforma promulgada também significou mudanças no PEMEX e no CFE. Desta forma, ambas as agências se tornaram empreendimentos produtivos do Estado. Ambos também foram forçados a competir em igualdade de condições com empresas privadas.

Isso implicou a modificação de seu modo de organização, adotando um modo de funcionamento semelhante ao de uma empresa privada. Para isso, eles tinham que nomear um diretor que seria responsável pelas operações diárias e, além disso, escolher um conselho de administração, responsável pelas decisões tomadas.

Ocupação da terra

As novas leis sobre a exploração de hidrocarbonetos elimina a opção que a área concedida a um indivíduo por meio de um contrato cobre terras que já possuem um proprietário.

Se alguma empresa estiver interessada em começar a explorar em uma área com um proprietário, ela deve chegar a um acordo prévio com o proprietário.

Jan concordou, deve ser claramente refletido a porcentagem de lucros que a empresa deve pagar ao proprietário da terra. De acordo com a lei, esta será entre 0, 5% a 2% se explora petróleo ou gás natural, e de 0, 5% a 3% se explora gás de xisto.

Depósitos transfronteiriços

A reforma também levou em consideração a possibilidade de depósitos aparecerem nas zonas marítimas que fazem fronteira com os Estados Unidos. Neste caso, a legislação determina que a PEMEX participe como parceira do projeto.

Do lado dos EUA, o Senado aprovou o Acordo de Hidrocarbonetos Transfronteiriços em dezembro de 2013. Através dessa norma, ele concordou em colaborar com o México para extrair materiais em uma área de mais de meio milhão de hectares localizada no Golfo do México.

Preços

Além da exploração dos depósitos de hidrocarbonetos, a nova legislação também introduziu mudanças na política de preços de combustíveis.

No caso da gasolina e do diesel, foram estabelecidos prazos para liberalizar o preço. O prazo para que isso acontecesse era 1º de janeiro de 2018. A partir dessa data, o Estado não teria o poder de limitar ou controlar o preço dessas substâncias.

Em relação às tarifas de energia elétrica, a reforma não incluiu mudanças no que foi estabelecido até o momento.

Fundo Mexicano do Petróleo

No momento em que o Estado recebeu sua parte dos benefícios obtidos, a reforma energética estabeleceu que o responsável por receber todas as receitas seria o Fundo Mexicano do Petróleo. A única exceção foi obtida pelas contribuições derivadas das alocações incluídas no artigo 27 da Constituição.

Da mesma forma, este Fundo tornou-se o encarregado de administrar e efetuar os pagamentos estabelecidos nos contratos.

Toda a renda recebida como proporção do valor bruto dos hidrocarbonetos obtidos deve ser destinada, após passar pelo Fundo Petrolífero Mexicano, para os chamados Fundos de Renda de Estabilização e Estabilização de Órbita. Federativo

Energia renovável

Um dos aspectos menos conhecidos da reforma é o impulso que pretendia dar às energias renováveis. Para que estes ganhassem terreno, alguns obstáculos legais que impediram novos projetos foram eliminados. Além disso, foram concedidos créditos verdes preferenciais

Finalmente, o Estado criou uma agência para controlar as atividades do setor de hidrocarbonetos em termos de segurança, tanto industrial quanto ambiental.

Vantagens e desvantagens

A reforma energética recebeu, a partir de sua implementação, críticas positivas e negativas. Os resultados ainda estão sendo analisados, desde alguns anos desde que começou a funcionar. Os especialistas, muitas vezes dependendo do seu posicionamento, apontam várias vantagens e desvantagens.

Vantagens

Muitos analistas consideram que a reestruturação organizacional da PEMEX em um dos pontos positivos da reforma.

Por outro lado, salientam que a imagem internacional do país foi reforçada e isso significou um crescimento do investimento privado. Este capital está sendo usado para explorar novos depósitos em águas profundas.

De acordo com os dados publicados pelos favoráveis ​​à reforma, os resultados até agora são positivos em termos de investimentos. Mais de 70 contratos foram assinados, o que significa quase 60000 milhões de dólares em investimentos. O cálculo dos benefícios para o Estado é de 70% desse valor.

Por outro lado, eles também afirmam que a entrada de novos atores no mercado de eletricidade é uma boa notícia para o país.

Desvantagens

Os opositores às medidas reformistas apontam como principal desvantagem a perda de autonomia por parte do Estado. Para fazer isso, confiar plenamente na empresa privada significa tornar-se dependente dela.

Eles também acusam o governo de não ter criado mecanismos suficientes para lidar com a corrupção na PEMEX, assim como há pouca clareza na distribuição dos benefícios.

Em algumas questões específicas, a redução esperada nos preços do gás não ocorreu. Embora o governo, como foi incluído na legislação, tenha reduzido os subsídios, a liberalização não trouxe benefícios para os consumidores.

Algo semelhante aconteceu com o preço do GLP, o mais usado em residências. Isso passou de 7, 12 pesos por litro em 2016 para 10, 83 dois anos depois.