Descolonização: características, causas, conseqüências, exemplos

A descolonização é a manifestação histórica que se origina quando um território procura libertar-se da dominação estrangeira. Ou seja, é um movimento que pode ser gerado quando os habitantes de uma nação conquistam a independência ou são incorporados a outro Estado por meio de uma lei de livre associação.

Esse processo pode ser visto como a "saída natural" que as colônias encontram para se emancipar dos governos seculares. Geralmente é chamado de saída natural porque geralmente é necessária uma revolução e participação cidadã. A vontade do povo é o que dá o impulso para alcançar o livre arbítrio.

Nesse sentido, a descolonização é definida como uma ideologia anticolonial que é inspirada pelo progresso e crescimento nacional, buscando o desenvolvimento de seus próprios valores e cultura.

A descolonização adota os seguintes princípios: uma política pacífica e autônoma, o fortalecimento dos partidos liberais e não pertencente a nenhuma organização na qual um país estrangeiro exerce influência direta.

Origem

A descolonização é uma construção social que não está localizada em um dado tempo ou espaço, é um ato tão antigo quanto a humanidade. Assim, vem ocorrendo desde o início da história, quando havia comunidades que tentavam governar os outros enquanto lutavam para não serem oprimidos ou obter liberdade.

No entanto, etimologicamente, o termo surgiu em 1952 no texto "Colonização, colonialismo, descolonização", de Henri Labouret (1878-1959), que dizia que a palavra tinha a função de gerar uma ruptura da estrutura jurídico-política do colonialismo. . Segundo este autor, todos os Estados deveriam ser soberanos e não sob qualquer regime.

Funcionalidades

A descolonização é caracterizada por ser um processo criado devido aos impérios coloniais, que subjugam algumas nações para expandir seu território e poder. No entanto, as regiões subjugadas reconhecem seus direitos e lutam por sua libertação.

Este movimento não possui uma cronologia específica. Embora seja verdade que teve seu pico entre 1945 e 1967, ainda não consegue determinar uma data específica de seu início e fim. As correntes pró-independência tendem a ser constantes no campo histórico.

O anticolonialismo no século XIX utilizou o conceito de descolonização como elemento essencial de seu projeto revolucionário, mas a idéia foi pouco valorizada devido à evolução das potências dos países que continuaram a ampliar seus territórios coloniais. O termo ainda não havia influenciado os pensamentos políticos e sociais.

No início, as guerras eram chamadas de descolonização por causa da liberação que ocorreu nas Américas durante os séculos XVIII e XIX, mas a partir do século XX esse termo refere-se não apenas aos povos que alcançaram a autodeterminação, mas também às rebeliões que eles foram gerados nas diferentes colônias para alcançá-lo.

A ideologia desse processo influenciou o desenvolvimento da teoria pós-colonial, que teve como objetivo estudar os efeitos que as nações colonizadoras tiveram sobre as nações colonizadas e como seus habitantes lutavam para adquirir uma identidade própria que os tirasse do jugo colonial.

O giro descolonial e a descolonização

A descolonização é um ideal de liberdade nacional cujo preceito não deve fazer parte de nenhuma instituição militar, pois durante o processo de emancipação geram-se mortes e horror sem fim.

Por essa razão, sua fundação é afastar-se dos traumas criados pelos Estados opressores e estabelecer uma postura ético-política que eleve novas bases sobre os direitos do Estado e dos cidadãos.

Essas bases são conhecidas como "atitude descolonial", que estabelece as estratégias que proporcionarão uma mudança radical nos modos de ser, conhecer e agir dos indivíduos. A virada descolonial se refere ao reconhecimento e representação do poder que uma região adquire após a emancipação.

Ele também expõe uma posição que contradiz seus ideais; isto é, opõe-se à sua abordagem inicial porque alguns políticos desenvolveram essa virada com o objetivo de esconder e produzir armas tecnológicas que afetam o meio ambiente e os sujeitos.

Enquanto a descolonização é um sentimento e um valor para restaurar a identidade, a atitude descolonial é o estabelecimento das normas que propiciam essa transformação.

Causas

A descolonização ocorre quando membros de uma nação usurpada tomam conhecimento da situação e pretendem acabar com ela. No entanto, para que esse movimento aconteça, intervêm fatores internos e externos.

Nacionalismo

O nacionalismo é uma das causas essenciais para a formalização da descolonização, uma vez que os movimentos nacionalistas consolidam o projeto de emancipação. Dentro desta expressão existem três aspectos principais:

Oposição aos países colonizadores

Isso acontece quando os países conquistadores assumem todos os benefícios mercantis e sociais que deslocam as nações subjugadas, que acabam se rebelando para reivindicar seus direitos.

Ideologia democrática

As noções de soberania e autonomia são disseminadas e assimiladas, as quais causam o sentimento patriótico e se manifestam de duas maneiras. O primeiro é o nacionalismo conservador que se concentra no passado e a relevância da cultura, enquanto o nacionalismo progressista busca copiar as ações positivas dos poderes do Estado.

Eu odeio radical

A propagação de idéias de liberdade e democracia gera o repúdio de idéias extremas. Por essa razão, as colônias tentam se livrar do domínio e das influências dos impérios.

Contexto internacional

Vários elementos contribuíram para o desenvolvimento da descolonização. Entre eles, a solidariedade dos povos independentes, o apoio das organizações internacionais e o papel institucional da Igreja, que desde o século XX favoreceu a autonomia dos povos e o bem-estar dos cidadãos.

No entanto, dois conflitos bélicos que retomaram o pensamento liberal destacam-se em particular:

Primeira Guerra Mundial (1914-1918)

Foi o começo da divisão e decadência do sistema colonial. Esta guerra - que visava a expansão e defesa territorial - não só causou muitas mortes e perdas materiais, mas também promoveu os princípios de soberania e igualdade das nações dependentes.

Em meio a esse contexto, as nações dependentes tiveram que decidir sobre seu destino e serem governadas por seus habitantes.

Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Antes da mobilização dos homens e do triunfo dos projetos democráticos, os Estados colonizadores desistiram de promover o sistema colonial.

Grande parte das superpotências mundiais entrou em colapso devido aos efeitos da guerra, que destruiu o regime japonês e fez com que a Europa perdesse o controle das colônias asiáticas, sendo despojada de sua hegemonia.

Consequências

A descolonização não apenas representou a liberdade e o poder nacional, mas também promoveu o neocolonialismo e o subdesenvolvimento.

Ou seja, as nações que alcançaram sua independência não encontraram um sistema econômico adequado para o seu progresso, razão pela qual ainda dependem dos países desenvolvidos. Eles continuam dependentes, embora tenham proclamado sua emancipação.

O subdesenvolvimento também engloba a ausência de uma estrutura social-administrativa estável, razão pela qual se origina o alto crescimento demográfico que leva ao aumento da fome, da fome e da doença.

Esse contexto também gera falta de infra-estrutura e meios técnicos, já que não há produção local, o que implica que os recursos de primeira necessidade devem ser importados.

Por outro lado, essas nações tendem a desequilibrar o sistema social, nacionalizando indústrias e dissipando capital. Por essa razão, a dívida externa surge, causando maior dependência de Estados estrangeiros devido à liquidação de juros.

Atualmente, alguns povos subdesenvolvidos costumam solicitar uma negociação política antes da impossibilidade de cancelar sua dívida externa, adquirida durante o processo de descolonização.

Exemplos

A descolonização é um processo que pode se originar de maneira pacífica ou revolucionária. A primeira ocorre quando os países colonizadores cedem os territórios para salvaguardar suas relações comerciais e monetárias.

Em contraste, o caminho revolucionário envolve violência e confronto armado entre metrópoles e colônias em que ambos competem por interesses semelhantes, como recursos e espaço. Nesse sentido, destacam-se os movimentos originários da Ásia e da África.

Descolonização da Ásia

A independência do Oriente Médio

Esse movimento ocorreu quando o Reino Unido (que dominava o Iraque, a Palestina e a Transjordânia) e a França (que controlava a Síria e o Líbano), responsáveis ​​pelos territórios árabes após a derrota do Império Otomano na Primeira Guerra Mundial, não o fizeram. eles conseguiram manter o domínio das regiões pela rivalidade entre eles.

Esse processo causou uma desestabilização que resultou em inimizade entre os judeus e árabes e as constantes guerras pelo controle do Canal de Suez e do petróleo. No entanto, a emancipação do Iraque em 1930 foi fundamental para a pronúncia do resto das colônias, razão pela qual a partir de 1946 os outros povos se tornaram independentes.

Descolonização da África

A independência da "África Negra"

Um dos episódios que mais se destaca na descolonização das nações africanas foi quando o Reino Unido, após a Segunda Guerra Mundial, decidiu acabar com a exploração que foi realizada nesses territórios e, de forma pacífica, lhes garantiu autonomia.

O primeiro estado independente foi Gana em 1957. O objetivo do Reino Unido com essa ação era que todas as regiões pertenciam à mesma organização política.