John Dewey: Biografia, Teorias e Contribuições

John Dewey foi um filósofo, psicólogo e educador americano considerado o mais importante filósofo americano da primeira metade do século XX, bem como um dos fundadores da filosofia do pragmatismo. Ele também foi, desde o início do século passado, a figura mais representativa da pedagogia progressista em seu país.

Dewey nasceu na cidade de Burlington, localizada nos Estados Unidos, em 20 de outubro de 1859. Ele morreu em Nova York em 1 de junho de 1952. Ele cresceu em uma família de colonizadores de origem humilde. Em 1879, ele se formou em Artes na Universidade de Vermont. Depois de se formar, ele atuou como professor de escola na Pensilvânia.

Em 1881, Dewey decidiu continuar seus estudos universitários. É por isso que ele se mudou para Baltimore, Michigan, onde se matriculou na Universidade John Hopkins. Lá ele começou seus estudos no departamento de filosofia.

Dewey foi influenciado pelo ambiente hegeliano do campus universitário. Tanto assim, que a marca de Hegel em sua vida se reflete em três de suas características. O primeiro foi seu gosto pela esquematização lógica.

O segundo foi seu interesse em questões sociais e psicológicas. E o terceiro foi a atribuição de uma raiz comum ao objetivo e ao subjetivo, assim como ao homem e à natureza. Para o ano de 1884, Dewey obteve seu doutorado graças a uma tese sobre o filósofo Immanuel Kant.

Dewey foi catalogado como um homem de ação, que defendia a unificação do pensamento e da ação, da teoria e da prática. Ela também se dedicou a defender a igualdade das mulheres e a promover o sindicalismo de professores. Ademais fomentou a ajuda aos intelectuais que tinham sido exilados de seus países como consequência dos regimes totalitários que os vigiavam.

O filósofo foi um dos personagens que mais influenciou o desenvolvimento do progressivismo pedagógico, sendo bastante original, perspicaz e muito influente nos Estados Unidos. Além disso, ele é um dos mais brilhantes educadores da contemporaneidade.

O começo da carreira de Dewey

Depois de obter seu doutorado, Dewey começou sua carreira como professor na Universidade de Michigan, onde lecionou entre 1884 e 1888, e foi também o diretor do departamento de filosofia.

Dewey conheceu sua primeira esposa enquanto ainda morava em Michigan. Seu nome era Alice Chipman e ela tinha sido uma de suas alunas, que veio para a faculdade depois de passar anos como professora em várias escolas de Michigan. Alice foi uma das grandes influências na orientação de Dewey para a formação de ideias pedagógicas.

Depois de se casar com Alice, Dewey ficou interessado em educação pública. Na verdade, ele foi um dos membros fundadores do Michigan Doctors Club, também atuando como seu administrador. A partir desse cargo, foi responsável por promover a cooperação entre professores do ensino médio e professores do ensino superior no estado.

Posteriormente, Dewey atuou como professor na Universidade de Minnesota e na Universidade de Chicago. Essa oportunidade surgiu quando William Rainey Harper, o presidente daquela universidade, o convidou para ingressar na nova instituição. Dewey concordou, mas insistiu que ele recebesse o endereço de um novo departamento de pedagogia.

Desta forma, Dewey conseguiu criar uma "escola experimental", onde ele poderia testar suas idéias. O pedagogo passou 10 anos na Universidade de Chicago, de 1894 a 1904 e foi lá onde desenvolveu os princípios que lançaram as bases de sua filosofia sobre modelos educacionais.

Quando Dewey deixou a Universidade de Chicago, ele foi para a Universidade de Columbia, onde atuou como professor de 1904 a 1931, quando sua aposentadoria veio como professor emérito em 1931.

Entre 1900 e 1904, Dewey também assumiu o ensino do curso de Pedagogia da Universidade de Nova York. A universidade estava inaugurando sua Escola de Pedagogia, pelo que Dewey foi um dos primeiros professores da escola.

A abordagem pedagógica de Dewey

Dewey se interessou por teoria e práticas educacionais desde que esteve em Chicago. Foi na escola experimental que ele criou naquela mesma universidade quando começou a contrastar os princípios educacionais.

O pedagogo concebeu a escola como espaço de produção e reflexão das experiências relevantes da vida social. Foi isso, segundo ele, que permitiu o desenvolvimento de uma cidadania plena.

John Dewey achava que o que era oferecido no sistema educacional de seu tempo não era suficiente para fornecer uma preparação adequada, que se ajustasse à vida em uma sociedade democrática.

É por isso que o chamado "método experimental" de sua pedagogia foi baseado em uma educação que marcou a relevância de fatores como habilidades individuais, iniciativa e empreendedorismo.

Tudo isso em detrimento da aquisição do conhecimento científico. De fato, sua visão de educação teve grande influência nas mudanças experimentadas pela pedagogia dos Estados Unidos no início do século XX.

Muitos estudiosos colocam a abordagem pedagógica de Dewey em algum lugar entre a pedagogia conservadora que se concentra no currículo e na pedagogia que focalizou o aprendiz. E, embora Dewey tenha focalizado a pedagogia na criança e seus interesses, ele também enfatizou a necessidade de relacionar esses interesses com os conteúdos sociais definidos no currículo escolar.

Isso significa que, embora as habilidades individuais devam ser avaliadas, essas características não são um fim em si mesmas, mas devem servir como facilitadores de ações e experiências. E neste caso, a função do professor seria explorar tais habilidades.

Para entender as idéias pedagógicas de Dewey, é essencial levar em conta a posição instrumentalista na qual seu pensamento filosófico foi baseado. De acordo com sua abordagem, o pensamento é basicamente uma ferramenta que permite que as pessoas ajam na realidade, enquanto a nutrem.

Isso significa que o conhecimento nada mais é do que o resultado das experiências das pessoas com o mundo. Em suma, o conhecimento é simplesmente um pensamento que primeiro passa pela ação.

Dewey argumentou que o aprendizado, tanto de crianças quanto de adultos, foi alcançado a partir do confronto com situações problemáticas. E que essas situações apareciam como uma consequência dos interesses da própria pessoa. Conclui-se então que aprender é obrigatório ter experiências no mundo.

Em relação ao papel do professor, Dewey disse que era quem deveria ser responsável por gerar ambientes estimulantes para o aluno. Ao fazê-lo, o professor poderia desenvolver e orientar a capacidade de ação dos alunos. Este deve ser o caso porque, para Dewey, os alunos são sujeitos ativos.

Apesar de defender a pedagogia centrada no aluno, ele entendeu que era o professor que tinha que fazer o trabalho de conectar os conteúdos presentes no currículo com os interesses de cada um dos alunos.

Para Dewey, o conhecimento não podia ser transmitido repetidamente, nem poderia ser imposto de fora. Ele disse que essa imposição cega do conteúdo fez com que o aluno perdesse a possibilidade de compreender os processos que foram realizados para alcançar a construção desse conhecimento.

Um dos postulados mais relevantes de Dewey sobre educação foi precisamente o papel que os estudantes tinham na aprendizagem. O pedagogo afirmou que as crianças não podem ser consideradas como lousas limpas e passivas nas quais os professores poderiam escrever lições. Não poderia ser assim porque quando ele chegou na sala de aula, a criança já era socialmente ativa. Neste caso, o objetivo da educação deve ser o de orientar.

Dewey apontou que, no início da escolaridade, a criança tem quatro impulsos inatos:

  • O primeiro é se comunicar,
  • O segundo é construir
  • O terceiro é perguntar
  • A quarta é se expressar.

Por outro lado, ele também falou sobre as crianças levando consigo os interesses e atividades de sua casa, bem como o ambiente em que vivem. A tarefa do professor é, então, usar esses recursos para orientar as atividades da criança em direção a resultados positivos.

Democracia e educação, o tratado mais elaborado de Dewey

O livro Democracy and Education, publicado por Dewey em 1976, tem sido uma das obras mais importantes da pedagogia no século XX. O autor destacou neste livro as questões políticas e morais que estavam implícitas nos discursos educacionais da época.

Dewey argumenta que o sistema educacional de uma democracia deve ser caracterizado pelo compromisso existente entre as escolas e a promoção de conteúdo cultural, bem como modalidades organizacionais.

O sistema educacional contribui para a formação de pessoas comprometidas com valores e modelos democráticos da sociedade. Portanto, Dewey afirma neste livro que a educação é também uma forma de ação política, uma vez que força as pessoas a refletir e valorizar as diferentes dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e morais da sociedade em que vivem.

A importância deste livro no mundo da pedagogia está em todos os tópicos que o autor aborda nele. Dewey não apenas reflete sobre questões relacionadas ao propósito da educação ou da função social, mas também questões relacionadas a métodos de ensino, a importância do conteúdo cultural, valores educacionais, aspectos sociais, entre muitos outros.

Neste trabalho, o autor norte-americano também destaca uma importante questão sobre a dimensão da aprendizagem infantil na escola. Dewey acreditava firmemente que as pessoas são realizadas colocando seus talentos em prática, tudo para fazer o bem na comunidade.

Com base nessa ideia, considerei que, em qualquer sociedade, a principal função da educação deveria ser ajudar as crianças a desenvolver um "caráter", isto é, um conjunto de habilidades ou virtudes que permitirão que, no futuro próximo, atinjam seus objetivos. .

Dewey achava que as escolas nos Estados Unidos não cumpriam essa tarefa. O problema era que o sistema educacional usava métodos muito "individualistas" para ensinar. Esse tipo de método é visto claramente quando todos os alunos são solicitados a ler os mesmos livros simultaneamente.

Com este sistema individualista, não há lugar para cada criança expressar seus próprios impulsos sociais e, em vez disso, eles são forçados a recitar praticamente em coro as mesmas lições.

Dewey considerou que este método atrofiava estes impulsos da criança, para os quais o professor não teve a oportunidade de aproveitar as verdadeiras habilidades do estudante. Em vez de estimulá-los, esse espírito social é substituído pela exaltação de comportamentos individualistas que reforçam o medo, a rivalidade, a emulação e, acima de tudo, os julgamentos de superioridade e inferioridade.

Este último é especialmente prejudicial para a criança, uma vez que faz com que o mais fraco perca gradualmente seu senso de habilidade. Além disso, a situação os obriga a aceitar uma posição inferior.

Em contraste, os mais fortes são capazes de alcançar a "glória", mas não precisamente porque têm mais mérito, mas porque são mais fortes. A abordagem de Dewey apontou para a necessidade de criar condições favoráveis ​​na sala de aula que pudessem fomentar o espírito social das crianças.

O legado do trabalho de Dewey foi deixar aberta uma abordagem para a reflexão crítica dos modelos educacionais. Além disso, seus postulados são leitura obrigatória para aqueles que querem se comprometer com problemas sociais presentes nas instituições escolares.

Para muitos estudiosos, o problema da educação hoje continua enraizado no que Dewey disse, que o problema da maioria das escolas é que elas não visam transformar a sociedade, mas apenas reproduzi-la.