Estudo de caso: características, metodologia e exemplo

Um estudo de caso é um tipo de pesquisa presente nas ciências sociais que consiste na observação detalhada de um assunto de estudo (também conhecido como caso). Esse tipo de pesquisa é típico de disciplinas como psicologia, sociologia e antropologia.

Os estudos de caso são parte da pesquisa qualitativa; isto é, aquela pesquisa que se concentra em estudar um fenômeno em profundidade em vez de usar estatísticas para tirar conclusões gerais. Este tipo de pesquisa pode ser usado para diferentes propósitos.

Alguns dos propósitos mais comuns são criar uma teoria antes de realizar um estudo mais caro, estudar situações incomuns ou investigar em profundidade um fenômeno relevante para o pesquisador.

As técnicas mais utilizadas nos estudos de caso são a observação e aplicação de questionários, embora possamos encontrar outros métodos dependendo da disciplina em que esta pesquisa é realizada.

Características de um estudo de caso

A característica mais importante de um estudo de caso é que se trata de um estudo aprofundado de uma situação, evento ou caso específico, de forma que leve em conta principalmente suas características internas, mas também o contexto em que ocorre.

Variação de acordo com a disciplina

Dependendo da disciplina em que esta metodologia é aplicada, um caso pode ser definido de diferentes maneiras.

Por exemplo, na psicologia, um paciente é geralmente considerado um caso com certo tipo de transtorno mental; Por outro lado, na antropologia, um caso pode ser uma tribo que não teve contato com a sociedade ocidental.

Procure entender

A principal intenção do estudo de caso é tentar entender todas as variáveis ​​que influenciam a situação concreta que está sendo estudada e como elas interagem umas com as outras. Embora esta metodologia não permita o estabelecimento de relações causais, possui as seguintes vantagens:

- É mais barato e mais simples executar logisticamente, já que não requer populações muito grandes ou condições de laboratório.

- Permite observar eventos que ocorrem apenas naturalmente, e que não é possível reproduzir à vontade. Desta forma, você pode verificar as teorias anteriores que eram apenas hipotéticas até agora.

- Ajuda a estabelecer primeiras hipóteses para facilitar pesquisas futuras.

- Permite estudar um fenômeno em profundidade, para que você possa tirar mais conclusões sobre isso.

Objetivos principais

Em geral, os objetivos mais comuns de um estudo de caso são os seguintes:

- Explore a realidade para formular uma teoria mais tarde.

- Descreva o que acontece no caso.

- Explique as causas que causam isso.

Ao contrário de muitos outros tipos de pesquisa existente, o estudo de caso é indutivo; isto é, ele vai de situações concretas para uma explicação geral.

No entanto, para poder afirmar uma relação de causa e efeito, é necessário complementar este tipo de pesquisa com outra de natureza quantitativa.

Metodologia do estudo de caso

A definição padrão dos estudos de caso considera que estes têm cinco fases principais:

- Seleção de casos.

- Criação de uma série de perguntas sobre isso.

- Obtenção dos dados.

- Análise dos dados coletados.

- Criação do relatório.

Seleção do caso

A primeira coisa a se fazer um estudo de caso é encontrar um evento relevante para o pesquisador, bem como os objetivos a serem cumpridos ao investigá-lo e a fonte de informação para a qual ele irá.

Em geral, o pesquisador escolherá um caso que seja relevante para seu trabalho anterior, ou ele escolherá estudar um evento incomum que esteja subitamente disponível.

Criando perguntas

O que você quer verificar com o estudo de caso? Após selecionar a situação ou evento que será estudado, o pesquisador terá que fazer uma lista do que deseja comprovar com essa metodologia.

Embora, em princípio, você possa escolher apenas uma pergunta geral, após as primeiras tomadas de contato com o caso, o pesquisador terá que escolher perguntas mais específicas a serem executadas, para que você possa tirar o máximo proveito da situação.

Obtendo os dados

Depois de estabelecer as questões relevantes para a investigação, a fase de coleta de dados é iniciada. Por meio de observação, questionários ou entrevistas, o pesquisador obterá todas as informações possíveis sobre a situação que está estudando.

Análise dos dados coletados

Como a pesquisa qualitativa não permite uma explicação causal, a análise dos dados enfocará a comparação das questões e hipóteses iniciais com os dados coletados.

Nesse momento, o pesquisador pode decidir se acredita que os dados obtidos podem ser extrapolados para outras situações ou não, além de apontar possíveis rotas de pesquisa para conhecer mais sobre o fenômeno estudado.

Criação do relatório

Finalmente, depois de coletar e analisar os dados, o pesquisador explicará o processo de pesquisa cronologicamente. Além de falar sobre as situações mais relevantes, ele também informará como você coletou os dados.

Desta forma, o pesquisador poderá comunicar aos seus leitores o que aprendeu com o caso, suas conclusões e a validade das mesmas.

Estudo de caso em psicologia

Na psicologia, o estudo de caso é um tipo de pesquisa que é feita especialmente no campo da doença mental.

Como não é ético causar distúrbios no laboratório para estudá-los, os pesquisadores precisam aprender mais sobre eles com base no estudo das pessoas que já os apresentam.

De fato, aquele que é considerado por muitos como o primeiro psicólogo moderno, Sigmund Freud, baseou todas as suas teorias sobre a mente humana no estudo dos casos de pacientes que vieram ao seu consultório.

Exemplo de estudo de caso

Possivelmente, o exemplo de estudo de caso mais famoso na história é o de Phineas Gage, um trabalhador da construção civil que sofreu um acidente durante o trabalho. Seu crânio foi perfurado por uma barra de aço que danificou parte de seu cérebro, mas Gage conseguiu sobreviver.

No entanto, a personalidade deste homem mudou completamente após o acidente. Os psicólogos da época poderiam então estudar o efeito que as partes do cérebro danificadas no acidente tinham na personalidade de Phineas.

Esse tipo de pesquisa não poderia ter sido realizado de nenhuma outra forma, já que o cérebro de um paciente em laboratório não pode ser danificado para conhecer os efeitos de cada lesão.

Portanto, em suas origens, a neurociência baseou-se inteiramente em estudos de caso, o que permitiu observar esse tipo de fenômeno sem ter que prejudicar qualquer pessoa de propósito.