Ciência Contemporânea: Origem, Características e Filosofia

A ciência contemporânea como um conceito pode se referir a dois aspectos diferentes, mas intimamente relacionados. Por um lado, indica o período de tempo em que as diferentes investigações científicas foram realizadas. Neste caso, é a ciência desenvolvida nas últimas décadas, em que tem havido um avanço em todas as disciplinas.

A outra dimensão que abrange esse conceito é a que se refere à filosofia que move a própria ciência. Desde o início do século XX, o paradigma científico muda, assim como o método. Por exemplo, quando Heisenberg descobre o princípio da indeterminação, ele primeiro considera que a natureza pode ser descontínua e não fixa.

A origem desse novo modo de ver a ciência está ligada ao surgimento de pesquisadores como Albert Einstein ou Karl Popper. Eles mudaram a velha concepção de ciência como algo mecanicista e propuseram uma nova em que a espontaneidade e a incerteza se encaixam.

Origem

Como o próprio termo "ciência contemporânea" pode ser abordado a partir de dois pontos de vista diferentes - temporal e filosófico -, suas origens também podem ser tratadas da mesma maneira. Ambos estão intimamente relacionados, pelo que dificilmente poderiam ter aparecido de forma independente.

Origem temporária

Em contraste com o empirismo que reinou até a época, no primeiro terço do século XX (fortalecendo-se na segunda metade do século) surgem novas disciplinas científicas que não podem ser trabalhadas como as antigas.

Paradoxalmente, as melhorias técnicas envolveram mais incerteza do que certeza. Embora eles expandissem grandemente os fenômenos que poderiam ser investigados, eles também acabaram lançando mais perguntas do que respostas.

Edwin Hubble ou Albert Einstein entre os autores mais proeminentes nessa origem. O primeiro é o autor da Teoria do Big Bang que, devido às suas próprias características, não permitiu uma confirmação mecanicista e empírica.

Quanto a Einstein, sua Teoria da Relatividade já indica apenas pelo seu nome que a mudança de paradigma.

Em suma, é uma desmistificação do método científico tradicional, assumindo uma postura mais crítica. Não era mais possível limitar tudo a experimentos controlados, mas eles tinham que aceitar que havia tantos métodos quanto os problemas analisados.

A partir desse momento, a ciência foi deixada como uma disciplina determinista e tornou-se probabilística. Como alguns autores apontam, pela primeira vez a ciência se torna consciente de seus próprios limites.

Origem filosófica

O grande salto na filosofia da ciência ocorreu em meados do século XX. É então quando três filósofos diferentes tornaram públicas suas teorias sobre o conhecimento científico e a maneira como ele é adquirido.

O primeiro deles, Karl Popper, afirmou que todo o conhecimento científico se acumula e é progressivo, mas também pode ser falsificado. O segundo foi Thomas Kuhn, que nega esse caráter progressista e apela às necessidades sociais como o motor das descobertas.

Finalmente, Paul Feyerabend vê o conhecimento científico como algo anárquico e inconsistente.

Funcionalidades

Indeterminismo

Foi Heisenberg quem primeiro falou sobre o princípio da indeterminação. Pela primeira vez, a ciência considera que a natureza pode ser descontínua e não algo fácil de estudar.

Isso se opunha ao determinismo científico, que achava que todas as especificidades de qualquer fenômeno poderiam ser descritas.

Chance como parte fundamental

A ciência contemporânea acaba reconhecendo que não há regras quando se faz uma descoberta. Desta forma, é quase assimilado às artes, em que diferentes caminhos podem ser seguidos para alcançar o objetivo.

É relativo

Com o surgimento da ciência contemporânea, paramos de falar sobre termos absolutos. Por um lado, a ênfase é colocada em como o fator humano afeta o desempenho dos experimentos. Por outro lado, começa a dar importância à subjetividade no momento de analisar os resultados.

Aparência da ética

No século XX, surgiram várias disciplinas científicas que levaram a comunidade de pesquisa a considerar as conseqüências éticas de suas descobertas.

Assuntos como genética, biologia e outros, muitas vezes causam um conflito ético e filosófico na concepção da ciência e seu uso.

Deste modo, a ideia da ciência contemporânea seria entendida como uma referência a "como" em vez de "o que". Não é tanto sobre descobertas e objetos de estudo quanto sobre os novos paradigmas e formas de entender a ciência que leva a ela.

Filosofia

Ao mesmo tempo em que o método científico mudou nas investigações práticas, surgiram também diversos filósofos que contribuíram com seu pensamento para a ciência contemporânea.

Há vários pontos em que essas novas teorias giraram, mas a principal delas é o conceito de "verdade" e como chegar lá.

Karl Popper

Um dos grandes autores da filosofia científica é Karl Popper. Sua tese central é o refutacionismo, segundo o qual apenas as afirmações que podem ser refutadas são científicas.

Igualmente destaca o conceito de falseabilidade, que enfrentou o positivismo lógico. Para Popper, quando se mostra que uma afirmação observável é falsa, pode-se deduzir que a proposição universal também é falsa.

O autor também se opunha ao raciocínio indutivo, pois pode levar a conclusões errôneas. Por exemplo, se vemos um pato branco, podemos deduzir que todos são dessa cor. O ponto é que, mesmo se 100 da mesma cor fossem vistos, essa conclusão também não seria adequada.

Para Popper, esse método só atinge conclusões prováveis ​​e inseguras. Isso leva a muitas teorias prováveis, mas não contribui em nada para o conhecimento científico.

Para que o conhecimento seja consolidado, é necessário descartar teorias por meio do raciocínio dedutivo, não indutivo.

Thomas Kuhn

Thomas Kuhn também desempenhou um grande papel na filosofia da ciência contemporânea. Em seu trabalho, ele tentou responder questões relacionadas a essa disciplina e suas conclusões tiveram muita influência nas últimas décadas.

Para esse autor, a ciência não é apenas uma contraposição neutra entre a realidade e as teorias. Nisso há debate, tensões e diálogo entre os defensores de diferentes hipóteses. De fato, muitos continuarão a defender sua posição mesmo depois de serem refutados, em maior medida quando houver interesses de algum tipo.

Por outro lado, Kuhn afirmou que há apenas progresso nas fases da ciência normal. O filósofo refuta aqueles que pensam que há um progresso contínuo ao longo da história. Segundo ele, as revoluções científicas são aquelas que favorecem o progresso, marcando novos inícios.

Alguns filósofos posteriores captaram esses pensamentos e os radicalizaram, dando origem ao relativismo radical. Essa corrente estabelece que é impossível saber qual teoria é verdadeira, pois tudo depende do ponto de vista.

Fisicalismo

O fisicalismo é outra das correntes filosóficas da ciência. Para seus defensores, a realidade só pode ser explicada através de estudos físicos. Tudo o que não pode ser fisicamente capturado não existiria.