O que são distúrbios expressivos de linguagem?

Os distúrbios expressivos da linguagem afetam a produção da função lingüística, de modo que a comunicação entre a pessoa que emite a mensagem e seu interlocutor é prejudicada, uma vez que esta dificilmente o compreende.

Neste artigo vou explicar em detalhe quais são os diferentes problemas que podemos encontrar na linguagem expressiva, bem como algumas chaves para detectá-los precocemente, uma vez que a intervenção precoce neste tipo de funções pode fazer uma grande diferença no desenvolvimento da linguagem. pessoa que experimenta esses tipos de dificuldades.

Quando podemos dizer que existe um distúrbio de linguagem expressivo?

A aquisição da função lingüística é um aspecto especificamente humano. Somos os únicos seres do planeta que, de maneira natural, adquirem um sistema de símbolos abstratos e o utilizam para transmitir mensagens que influenciam nosso meio ambiente.

A maioria das crianças adquire a linguagem de maneira natural, sem exigir treinamento específico por parte dos adultos. No entanto, em alguns casos, há dificuldades nessa aquisição que resultam em problemas na expressão da linguagem.

Esses problemas podem ser evolutivos ou não, mas quando falamos de desordem nos referimos a uma dificuldade persistente, de gravidade diferente, que não pode ser atribuída a problemas de maior hierarquia, como deficiência intelectual ou déficits sensoriais e / ou motores.

Nesses casos, quando nos concentramos em distúrbios de linguagem expressiva, encontramos uma capacidade de produção linguística muito inferior às demais habilidades da criança, como habilidades cognitivas, motoras ou sensoriais.

Esta expressão lingüística afetada pode ser observada através de um discurso pouco fluente apesar do esforço que a criança faz por sua emissão ou por uma importante afetação da articulação que pode chegar a condicionar a linguagem até sua produção nula, sendo a capacidade de compreender relativamente preservado

Desta forma, quando a criança entende a língua, sabe o que significa, compreende as instruções dos adultos, mas encontra sérias dificuldades em expressar o que pensa, sente, etc., poderíamos considerar a possibilidade de apresentar um distúrbio de linguagem expressivo

Deve-se dizer que, independentemente da classificação que usamos para expor os diferentes distúrbios da linguagem expressiva, não podemos assegurar que falamos de transtornos puros ou de sintomatologia específica.

Isso significa que, em cada caso, encontraremos algumas características específicas que devemos analisar para projetar uma intervenção eficaz, podendo observar sobreposições entre alguns dos distúrbios detalhados a seguir.

Áreas afetadas

Quando se trata de identificar e classificar os diferentes distúrbios de linguagem expressiva, é essencial ter em mente que a linguagem é organizada com base em quatro módulos linguísticos fundamentais: fonológico, morfossintático, semântico e pragmático.

Essa concreção nos orienta na classificação da sintomatologia relacionada aos distúrbios da linguagem expressiva, uma vez que as diferentes manifestações de cada distúrbio em particular irão saturar mais em um módulo do que em outro.

Observando em quais áreas ou módulos a pessoa apresenta escores mais baixos ou, o que é o mesmo, experimenta maior dificuldade, obteremos não apenas as informações para estabelecer um diagnóstico nominativo, mas também o ponto de partida para a elaboração de um plano de intervenção com base nas necessidades dessa pessoa em particular.

Em seguida, você pode observar uma breve exposição dos diferentes módulos linguísticos e como eles podem ser afetados quando falamos de distúrbios de linguagem especificamente expressivos (lembre-se que essa classificação também pode ser útil para os distúrbios que afetam a compreensão ou expressão e compreensão também chamado misto):

a) Fonológico

A fonologia refere-se à produção de sons no discurso humano, de modo que a sintomatologia relacionada aos distúrbios expressivos da linguagem se concretiza, nessa área, em problemas relacionados à expressão fonética, dicção e pronúncia.

Encontramos, assim, pessoas que apresentam problemas na representação fonológica (conhecimento armazenado sobre os sons que compõem uma palavra), restrições no repertório fonológico (sistema fonológico pobre, com fonemas de aquisição precoce e ausência de algum mais complexo) e um inventário reduzida fonológica

Também podemos encontrar nesta área desproporções cronológicas, padrões silábicos reduzidos, erros de pronúncia incomuns e persistentes, omissões, substituições e assimilações de fonemas, estratégias de evitação e uma baixa memória fonológica.

b) Morfossintática

A morfossintaxe é o conjunto de elementos e regras que permite a construção de sentenças significativas, o que é obtido através de relações gramaticais. Os efeitos nessa área podem ser especificados de várias maneiras diferentes.

Por exemplo, as pessoas afetadas nessa área apresentarão um déficit acentuado na hora de construir sentenças efetivas e cujos elementos estejam corretamente relacionados, o que acaba resultando em discurso pobre, restrito e desorganizado.

Problemas de concordância entre gênero e número também são frequentes, os quais estão inequivocamente relacionados a problemas nas categorias gramaticais, às inflexões de tempo, forma e aspecto, o que leva a um uso escasso das formas verbais.

Por fim, também encontraremos omissões ou substituições de morfemas, adição de elementos desnecessários, sentenças ambíguas e não estruturadas.

c) semântico

Semântica refere-se ao significado, significado e interpretação de palavras e expressões linguísticas.

Nesse sentido, encontramos um vocabulário reduzido, então a pessoa geralmente usa rótulos genéricos para designar os diferentes elementos de seu ambiente. Eles realizam freqüentes overgeneralisations e têm problemas de acesso ao léxico.

Eles também podem abusar do uso de neologismos e frases, uma abundância de gesticulação, pausas impróprias que retardam e interrompem o discurso, bem como uma baixa capacidade de incorporar novas palavras ao seu repertório, mesmo que inicialmente as compreendam.

d) Pragmática

A pragmática está relacionada ao uso da linguagem em um contexto específico. Refere-se, portanto, a fatores extralinguísticos que podem influenciar o significado das diferentes palavras, expressões e relações entre eles que são utilizadas em um discurso.

No caso das afetações nessa área nos distúrbios expressivos da linguagem, podemos encontrar problemas ao expressar as diferentes regras formais com o sistema funcional, embora não tenham problemas em integrar essas regras no nível cognitivo.

Comentários estereotipados e falta de flexibilidade e criatividade no uso da linguagem em várias situações podem aparecer. Podemos também observar dependência excessiva de estruturas pronominais e um uso pouco desenvolvido de requisitos gramaticais.

Por sua vez, observaríamos mudanças mais curtas ou imediatas, respostas inconsistentes ou inadequadas, narrativas pouco elaboradas e problemas para a reprodução de expressões, frases ou linguagem figurativa.

Classificação de distúrbios expressivos de linguagem

Existem muitas classificações em torno dos problemas que podem afetar a expressão da linguagem. Aqui apresentaremos os diferentes distúrbios da expressão linguística classificando-os em distúrbios que afetam a fala, o uso da linguagem oral e a expressão escrita.

Distúrbios da fala

Com relação aos distúrbios da fala, encontramos o seguinte:

a) Dislalia

A dislalia refere-se aos problemas na articulação dos diferentes fonemas de um código linguístico, o que se traduz na dificuldade em se pronunciar corretamente diferentes fonemas de uma língua específica.

Se o número de fonemas afetados for grande, a fala da pessoa afetada pode se tornar ininteligível, com todas as conseqüências que isso acarreta.

Embora possamos encontrar problemas em quase qualquer vogal e / ou consoante do código, as dificuldades parecem ser maiores naqueles fonemas que requerem maior habilidade de produção, por exemplo, aqueles que necessitam de movimentos mais precisos do dispositivo articulatório (sílabas trancadas).

A dislalia pode ser produzida por múltiplas causas, começando com a evolução da fala em si (erros de pronúncia em crianças que estão aprendendo a falar desaparecem por volta dos seis anos).

Dentre eles, destacam-se as causas orgânicas (disfunções ou malformações, estruturas periféricas que geram disfunções articulatórias, como mandíbula, palato, língua etc.), déficits motores, intelectuais ou afetivos, insuficiente estimulação linguística, baixa discriminação auditiva, etc. .

b) disinfasia

A disfemia ou gagueira é uma síndrome clínica caracterizada por um ritmo anormal na fala, cuja fluidez é interrompida por múltiplas repetições prolongadas. A fala disfêmica difere do normal em ritmo, fluência, velocidade e elementos prosódicos.

Na disquemia há múltiplas repetições de sons ou palavras, interjeições, palavras fragmentadas, bloqueios audíveis ou silenciosos, desvios para não dizer ou substituir palavras problemáticas, tensão física excessiva ao produzir a fala e repetições de palavras monossílabas.

c) Disfonia

Este conceito refere-se às alterações produzidas ao timbre normal da voz devido a uma lesão nos órgãos que a produzem ou contribuem para a sua produção. O uso indevido ou a superprodução lingüística pode estar por trás dessa patologia que pode ser transitória ou complicada a ponto de causar lesões importantes.

d) disartria

A disartria é usada para designar o conjunto de distúrbios motores da fala que resultam em regulação inadequada da respiração, fonação e articulação, bem como uso indevido de elementos prosódicos (volume, tom, etc.).

Este termo é reservado para aqueles problemas de articulação (caracterizados por omissões, substituições, adições, etc., que tornam a fala ininteligível) causada por lesões no sistema nervoso central ou nos órgãos articulatórios (nervos da língua, faringe, laringe). responsável pela fala.

Distúrbios da linguagem oral

Podemos definir os seguintes distúrbios referentes à linguagem oral:

a) disfasia expressiva

A disfasia expressiva é o que hoje consideraríamos como um distúrbio específico de linguagem em seu aspecto misto. É caracterizada por um déficit acentuado na linguagem expressiva que não corresponde à idade cronológica da criança e não responde a nenhum outro transtorno importante.

Afeta globalmente todas as áreas lingüísticas que causam mau uso da linguagem, mesmo se os níveis de compreensão forem preservados. Podemos encontrar um ritmo fraco, falta de vocabulário, frases mal construídas, etc.

b) Atraso de linguagem simples

O simples atraso da linguagem ocorre naquelas crianças que, sem apresentar qualquer tipo de patologia associada, devido a diferentes circunstâncias (falta de estimulação, perda auditiva transitória), têm afetado sua capacidade linguística, apresentando um atraso em relação aos seus pares.

No entanto, devemos observar muito de perto os atrasos de linguagem simples, pois eles podem não ser tão simples. Um atraso na função lingüística pode supor uma má organização de base, que repercutiu negativamente nas produções posteriores.

Distúrbios da expressão escrita

a) Dysgraph

A disgrafia manifesta-se pela grande dificuldade que apresenta o indivíduo para produzir linguagem escrita. As pessoas que sofrem deste tipo de problema têm sérias dificuldades em produzir letras maiúsculas e minúsculas diferenciadas, não calculam corretamente os espaços entre letras ou palavras, etc.

É essencial ter em mente que, neste caso, a habilidade motora desempenha um papel fundamental, por isso, será necessário avaliar se existem outras áreas de habilidades motoras nas quais a pessoa apresenta déficits, além da produção escrita.

b) Disortography

Embora a disgrafia pudesse se referir principalmente à produção das "formas" de letras e palavras, isto é, ao seu layout ou grafia, a disortografia se referiria àqueles erros de escrita que afetam a própria palavra.

Pessoas que apresentam dificuldades específicas nesse sentido apresentam grandes dificuldades para assimilar e produzir regras ortográficas, de modo que seu discurso escrito pode ser seriamente comprometido.

Conclusões

Após expor as diferentes sintomatologias referentes a distúrbios de linguagem expressiva divididos por áreas ou módulos e ter descrito especificamente os diferentes quadros clínicos, deve-se observar, como já mencionamos, que elas podem ser apresentadas simultaneamente ou sobrepostas.

É fundamental, por parte dos diferentes profissionais da educação, ter conhecimento desse tipo de transtorno para tratar corretamente seu tratamento, através de atendimento personalizado e precoce de acordo com as necessidades de cada caso. Desta forma, podemos trabalhar de forma eficaz para alcançar um desenvolvimento ideal.