Órgão Vomeronasal: Características, Estrutura e Função

O órgão vomeronasal, também conhecido como órgão de Jacobson, é um órgão auxiliar do sentido do olfato em alguns vertebrados. Este órgão está localizado no osso vomer, localizado entre o nariz e a boca.

O órgão de Jacobson contém neurônios sensoriais em seu interior que são responsáveis ​​por detectar diferentes compostos químicos. Em geral, as células do órgão vomeronasal são responsáveis ​​pela detecção de moléculas grandes.

No caso das cobras, o órgão vomeronasal é um elemento chave para cheirar a presa e ativar o funcionamento da língua, atraindo partículas para a abertura do órgão no palato.

Em alguns mamíferos, esse órgão usa um movimento facial característico, conhecido como reflexo de flehmen, que permite que os compostos sejam enviados ao órgão vomeronasal. Em contraste, em outros mamíferos, o órgão de Jacobson se contrai e bombeia para atrair os compostos.

No caso dos humanos, a principal função do órgão vomeronasal consiste em atuar como receptor de mensageiros químicos externos que atuam especificamente no nível desse órgão (os vomerofermas), enquanto nos animais está relacionado à captação de feromônios.

Este artigo revisa as principais características do órgão vomeronasal, discute suas propriedades anatômicas e explica as funções desempenhadas.

Descoberta do órgão vomeronasal

A cavidade vomeronasal foi descoberta pelo anatomista holandês Frederic Rysch em 1703. O autor descreveu a presença de um canalibus nasalibus em cada lado do septo nasal anterior.

Mais tarde, no ano de 1809, o autor Von Sommering confirmou os achados e em 1877 realizou um estudo detalhado sobre esse órgão em cadáveres de fetos, crianças e adultos.

No decorrer dessas investigações, uma área localizada a cerca de 8 milímetros acima do chão da cavidade nasal e a cerca de 24 milímetros da fossa nasal foi descoberta. A abertura desta cavidade tem um diâmetro de aproximadamente um milímetro.

Finalmente, Ludvlg Jackobson dedicou-se a descrever o órgão localizado dentro dessa cavidade e chamou-o de órgão vomeronasal (VNO).

Estrutura

A presença e localização do VNO em humanos continua sendo um assunto controverso. Em um estudo realizado na Turquia, a presença e a frequência desse órgão foram analisadas em 346 indivíduos vivos e 21 cadáveres.

Os resultados mostraram que o órgão vomeronasal foi observado apenas em 32% dos sujeitos vivos e em 38% dos cadáveres. Esses dados são contraditórios com outros estudos que detectam o OVN em 100% dos sujeitos.

O órgão vomeronasal em humanos resulta em um tubo bilateral semelhante a um órgão membranoso, localizado abaixo da mucosa nasal respiratória, adjacente ao pericôndrio septal.

A forma do VNO pode ser oval, circular ou irregular, embora seja mais comum ter um saco cônico com um diâmetro de sete milímetros e um diâmetro de quatro milímetros.

O VNO se comunica com a cavidade nasal através de um orifício localizado no nível da borda anterior do osso vomer. A cavidade vomeronasal é parcialmente coberta por um epitélio que contém neurônios do receptor bipolar.

Essas células atuam como elementos sensoriais, de forma semelhante aos neurônios epiteliais do sistema olfativo central. Caracterizam-se por apresentar uma membrana apical preenchida por microvilosidades, fato que a diferencia do epitélio olfatório.

Por outro lado, a OVN é caracterizada por ser coberta por um tecido epitelial de formato cilíndrico contendo células neuropiteliais bipolares. Essas células são intercaladas entre células sustentaculares e atuam como quimiorreceptores vomeronasais.

Nos mamíferos, o acesso dos estímulos aos receptores é regulado autonomamente por meio de um mecanismo de bomba vascular. Esta bomba é formada por vasos sanguíneos que, ao se contrairem através da ação vasomotora, expandem o lúmen do órgão, atraindo assim estímulos externos.

Finalmente, o órgão vomeronasal humano é caracterizado pela falta de cápsula e grandes vasos sanguíneos (ao contrário de outros mamíferos).

Função

A função do órgão vomeronasal na maioria dos animais está relacionada à detecção de feromônios. Esses elementos são capturados principalmente pelo VNO, embora alguns sejam detectados pelo órgão do olfato.

De fato, o papel do VNO e dos feromônios em mamíferos foi amplamente revisado em 1989 por Vondenbergh. O autor centrou seus estudos na estimulação do órgão vomeronasal e sua relação com o comportamento e desenvolvimento sexual.

Nestas investigações, o animal mais estudado foi o rato de laboratório, e observou-se que nas fêmeas, os receptores sensoriais relacionados ao órgão vomeronasal diminuíram acentuadamente quando houve ausência de um macho.

No caso dos seres humanos, por outro lado, o papel funcional desse órgão é mais controverso. Alguns autores postulam que o VNO não é funcional em pessoas.

Os feromônios são excretados pelos fluidos corporais, dos quais o principal é a urina, de onde são volatilizados para depois serem capturados pelos outros indivíduos.

Nos humanos, este processo foi perdido ao longo das mudanças biológicas e sociais que determinaram sua evolução. No entanto, isso não significa que eles não excretem feromônios, uma vez que existem outras fontes, como secreções vaginais (o semegma).

Por outro lado, postulou-se que o órgão vomeronasal poderia estar envolvido em outros tipos de processos. Especificamente, observou-se como a estimulação do VNO pode gerar importantes alterações fisiológicas.

Essas alterações são geradas no sistema nervoso autônomo por meio de uma notável diminuição da frequência cardíaca e respiratória. Essa resposta ocorre por cerca de cinco segundos após a estimulação do órgão com vomerofermas e pode permanecer por até 30 minutos.

Da mesma forma, a aplicação de vomerofermas também pode estimular o OVN e produzir outros efeitos, como aumento da frequência cardíaca e redução da temperatura corporal.

Essas modificações sugerem a existência de diferentes tipos de receptores periféricos que estão conectados a diferentes grupos neuronais no hipotálamo, evidenciando uma forte conexão entre o sistema nervoso e o órgão vomeronasal.