O que é uma abertura democrática?

A abertura democrática é a transição de sistemas políticos autocráticos, geralmente militaristas, para governos democraticamente eleitos, onde os direitos humanos são reconhecidos e respeitados.

O caso mais emblemático desse tipo de processo é a América Latina e o Caribe. Antes da Segunda Guerra Mundial, o exercício e o controle político na região estavam nas mãos de ditaduras oligárquicas e dinastias familiares.

Depois de um movimento generalizado de abertura democrática iniciado no final dos anos 70 do século passado, esta situação foi invertida com maior ou menor sucesso.

Aberturas democráticas mais representativas

México

A nação asteca conseguiu manter certa estabilidade política entre as décadas de 1940 e 1982, período em que o Partido Revolucionário Institucional (PRI) exerceu uma feroz dominação política.

Ao contrário de outros governos autoritários, as eleições foram realizadas periodicamente. Houve também separação entre os poderes executivo, legislativo e judiciário.

Além disso, os direitos civis foram contemplados na constituição. Mas na prática, nada disso funcionou corretamente.

Depois dos protestos estudantis de 1968, a necessidade de reformas políticas começou a ser evidente.

Em 1977, o Presidente José López Portillo introduziu uma reforma da lei eleitoral. Durante décadas, vários setores e partidos pressionaram para impulsionar um processo de mudança.

Naquela época, várias reformas eo aumento da participação dos cidadãos nos eventos eleitorais reduziram o autoritarismo do PRI até serem derrotados nas eleições presidenciais de 2000.

Argentina

A Argentina foi governada por um regime militar hierárquico desde 1976, quando María Isabela Perón foi destituída da presidência, até 1983.

Foi um período de repressão severa contra opositores políticos, sindicatos, suspeitos de terrorismo e simpatizantes. Durante esses anos, entre 10.000 e 30.000 pessoas desapareceram.

No entanto, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, vários movimentos de protesto liderados por grupos civis começaram a diminuir o apoio às forças armadas.

A derrota da nação argentina na guerra das Malvinas aumentou o descontentamento em relação aos militares, bem como ao ativismo cívico.

No final de 1982, uma grande manifestação conseguiu marcar uma data para novas eleições.

A restauração da política eleitoral e a restauração das instituições democráticas marcaram o início da abertura democrática naquele país.

Espanha

Um exemplo de abertura democrática fora do contexto latino-americano é o caso da Espanha, uma nação que ficou isolada internacionalmente sob o mandato do general Francisco Franco.

Isso obrigou-o a se abastecer com recursos próprios e suas políticas protecionistas levaram a múltiplos problemas econômicos: redução da produtividade, baixa capacidade competitiva, salários extremamente baixos e outros.

Em meados dos anos 50, a necessidade de liberação econômica era evidente. Nos anos sessenta e setenta, produto da dinâmica econômica e social, o autoritarismo parecia anacrônico.

Várias mudanças promoveram uma abertura democrática: crescimento dos setores industrial e de serviços, fortalecimento de uma classe média que emulava valores e costumes americanos, investimento estrangeiro, turismo, entre outros.

No entanto, foi somente após a morte de Franco que a verdadeira transição para a democracia aconteceu.

Isso foi impulsionado por ambos os opositores e representantes da ditadura. Ambas as partes procuraram a expansão do comércio exterior e a integração do país na Comunidade Económica Europeia (CEE).