Epicurismo: origem, características, representantes e suas idéias

O epicurismo era um sistema filosófico surgido no século IV aC. C. em Atenas. Foi criado por Epicuro de Samos, que ensinou sua doutrina em uma escola chamada El Jardín. A base principal de sua filosofia era a busca da felicidade.

Para atingir este objetivo, o epicurismo promulgava a necessidade de alcançar um equilíbrio entre os prazeres do corpo e da mente e a eliminação dos medos. Entre estes últimos, ele apontou aqueles causados ​​pela idéia de destino, morte ou os próprios deuses.

Para Epicuro, cada elemento era composto de átomos e os homens podiam perceber suas formas e qualidades usando seus sentidos. Seus seguidores foram chamados de epicuristas e devem evitar dores e distúrbios.

Da mesma forma, eles também tiveram que se afastar dos luxos e confortos excessivos e levar uma vida em harmonia. Uma das peculiaridades desta escola foi que ela permitia a entrada de qualquer parte interessada, incluindo mulheres.

O epicurismo, que alguns consideram relacionado ao hedonismo, teve alguns seguidores importantes na Roma antiga. Entre estes, os poetas Lucrecio e Horácio, em cujas obras podemos vislumbrar o seguimento das teorias desta corrente.

Origem

A doutrina do epicurismo foi ensinada por Epicuro de Samos, que também deu o seu nome. O filósofo nasceu em 341 a. C e, depois de viajar por vários lugares, fundou uma escola chamada Jardim. Foi lá onde ele desenvolveu suas idéias.

Epicuro

Epicuro nasceu na ilha de Samos em uma família ateniense. Sua educação foi fornecida por seu pai, professor e vários filósofos.

Quando completou 18 anos, foi a Atenas para prestar serviço militar. Mais tarde, ele se reuniu com seu pai em Colofón, onde começou a ensinar.

No ano de 311, ele criou sua primeira escola filosófica na ilha de Lebos. Pouco depois, ele foi diretor de outra escola em Lampsaco, hoje na Turquia.

O Jardim

O filósofo retornou a Atenas em 306. Logo começou a ensinar suas idéias a um grupo de seguidores. O local escolhido foi o pátio da casa de Epicuro, um jardim que acabou dando nome à escola.

Ao contrário de outros filósofos, as mulheres poderiam ir ao El Jardín para aprender com o professor. Isso causou muitas calúnias sobre as atividades que estavam ocorrendo. No entanto, Epicuro foi muito bem sucedido e os estudantes da Ásia Menor e do resto da Grécia vieram para ouvi-lo.

Além de ensinar essas classes, Epicuro escreveu muitos trabalhos. Segundo historiadores, quando morreu, deixou mais de 300 tratados, embora quase nada deles tenha sido preservado.

O conhecimento atual sobre o autor vem de três letras diferentes: um Heródoto, sobre a teoria do conhecimento; para Pitocles, sobre astrologia e cosmologia; e o último a Meneceo, sobre ética. Além disso, algumas notas indiretas sobre seus ensinamentos são preservadas.

Características da doutrina

Diante de muito hedonismo, o epicurismo não focalizou a busca do prazer apenas no corpo. Os seguidores desta corrente deram maior importância ao intelecto. Além disso, grande parte da definição de prazer ou felicidade nesta escola refere-se à ausência, e não à presença.

Dessa forma, consideravam o prazer como ausência de dor ou aflição, como fome ou tensão sexual. Tratava-se de conseguir um equilíbrio perfeito entre corpo e mente, o que proporcionaria serenidade ou ataraxia.

Em resumo, Epicuro notou que essa serenidade vinha do domínio do medo, que se identificava com os deuses, a morte e a incerteza sobre o futuro. O objetivo do filósofo era eliminar esses medos para ser feliz.

Os prazeres e sofrimentos

O epicurismo considerava que os prazeres e também os sofrimentos eram a consequência de obter ou não satisfazer os apetites. Esta doutrina distinguia entre três tipos de prazeres:

-O primeiro foi o natural e necessário. Entre eles estavam a alimentação, a procura de abrigo e a sensação de segurança.

Os seguintes foram naturais mas não necessários. Eles enfatizaram neste grupo para manter uma conversa agradável ou sexo.

-Finalmente, ele apontou os prazeres não naturais e necessários, como a busca de poder, fama ou dinheiro.

Especialistas enfatizam que Epicuro não era dualista. Comparado a Platão, por exemplo, Epicuro não acreditava que houvesse uma diferença entre a alma e o corpo. Ambos eram materiais e eram compostos de átomos.

Isso o levou a distinguir dois outros tipos de prazeres, baseados na alma e no corpo, diferentes, mas unidos.

As do corpo não eram as mais importantes para os seguidores dessa corrente. Epicuro defendeu o equilíbrio desses prazeres conscientemente. Assim, ele disse que não se podia desfrutar de comida se alguém não conhecesse a alma.

Por outro lado, havia os prazeres da alma. Estes eram superiores, uma vez que são mais duráveis ​​e influenciam o corpo.

Canônico

A Canonical é uma parte da filosofia que se dedica a analisar o conhecimento e como o ser humano pode alcançá-lo.

Epicuro e seus seguidores pensavam que a sensação, percebida pelos nossos sentidos, era a base de todo conhecimento. Qualquer uma dessas sensações causou prazer ou dor no ser humano, o que dá origem a sentimentos, a base da moralidade.

O filósofo considerou que existiam as chamadas "idéias gerais", que eram as sensações que são repetidas muitas vezes e registradas na memória.

Um de seus seguidores mais conhecidos, Diógenes Laércio, também escreveu sobre as chamadas "projeções imaginativas". Através destes pode-se inferir que existem elementos como os átomos, embora eles não possam ser vistos a olho nu.

Física

A realidade, segundo Epicuro, é composta de dois elementos fundamentais. O primeiro seria átomos, materiais. O segundo seria o vazio, o espaço através do qual os átomos se movem.

Os epicuristas achavam que tudo no mundo são combinações diferentes de átomos. Para eles, a mesma alma era composta de átomos, embora de um tipo especial, mais sutis do que os que fazem parte do corpo.

No entanto, isso não significa que a alma deixou de ser material. Esta escola pensava que quando uma pessoa morria, a alma também morria.

Segundo os especialistas, Epicuro tomou essa ideia de Demócrito, embora tenha modificado grande parte de sua doutrina. A principal diferença é que ela introduziu um elemento do acaso na maneira como os átomos se movem, afirmando que, ao contrário do que dizia Demócrito, não havia determinismo em seu comportamento.

Nesse aspecto, Epicuro sempre tentou dar muita importância à liberdade. Ele considerou a ética como o aspecto fundamental e as outras questões estavam subordinadas a ela.

Ética

Como observado anteriormente, a ética era a parte mais importante da filosofia de Epicuro. É a base para alcançar o propósito dos epicuristas: felicidade baseada na ataraxia e autonomia da mente.

A ética dessa corrente filosófica baseou-se em dois pontos opostos: o medo, que deve ser evitado; e prazer, que é considerado algo valioso.

Os quatro medos

Superar os medos era, para Epicuro, o caminho para alcançar a felicidade. De fato, o epicurismo também foi chamado de "tetradrug", ou remédio contra os quatro temores que, segundo a doutrina, eram os mais significativos: medo dos deuses, morte, dor e medo do fracasso. procure o bem.

Apesar de nomear os deuses como a causa de um desses medos fundamentais, os especialistas afirmam que Epicuro não era ateu. Se, por outro lado, ele pensava que eles não se importavam com o que acontecia com os humanos, já que eles estavam muito distantes. Segundo o filósofo, essa distância tornava absurdo temê-los.

Em relação à morte, Epicuro disse que não havia sentido em ter medo dele. Em suas próprias palavras, ele explicou a questão dizendo "a morte não nos preocupa, porque enquanto existimos, a morte não está aqui. E quando chega, não existimos mais "

Finalmente, você também não deve ter medo do futuro, porque "o futuro não depende inteiramente de nós, nem é totalmente estranho para nós, então não devemos esperar isso como se viesse infalivelmente ou desespero como se não viesse nunca "

Propósito

A filosofia de Epicuro, ao contrário de outras escolas, não pretendia ser teórica. Os ensinamentos pretendiam que todos aqueles que o desejassem pudessem colocar em prática a maneira como descreviam para alcançar a felicidade. Tratava-se de eliminar os medos e levar uma vida agradável e gratificante.

Para conseguir isso, eles usaram elementos empiristas de conhecimento, física atomista e uma ética hedonista.

Representantes e suas idéias

Os seguidores mais famosos de Epicuro estavam na Roma Antiga. Entre eles, destacam-se o poeta Horácio, autor da declaração "Carpe Diem" (Aproveitar o dia), Virgilio e Lucrecio. Os historiadores descrevem o epicurismo como uma doutrina tipicamente mediterrânea, com características seculares e com pontos pagãos.

Embora a escola de pensamento tivesse uma certa situação durante os sete séculos após a morte de seu criador, a Idade Média significou o fim de sua influência. Muitos de seus escritos foram destruídos, uma vez que o cristianismo rejeitou suas idéias nitidamente. A visão cristã da dor colidia totalmente com a filosofia epicurista.

Apenas alguns seguidores do platonismo ou do aristotelismo incorporaram levemente algumas de suas idéias, mas com pouco sucesso.

Diógenes de Enoanda

Como muito poucos escritos de Epicuro chegaram até hoje, o trabalho de alguns de seus seguidores é fundamental para entender sua filosofia. Entre eles estava Diógenes de Enoanda, um filósofo grego do segundo século que divulgou o pensamento dessa corrente.

Como parte de seu alcance, Diógenes ordenou a gravação de algumas das máximas de Epicuro em um grande muro perto do principal mercado da cidade de Enoanda, hoje na Turquia. O objetivo era que os cidadãos lembrassem que não encontrariam felicidade por meio de compras ou consumismo.

Precisamente, os fragmentos encontrados nessa parede, destruídos por um terremoto, constituem uma das principais fontes de historiadores sobre o epicurismo. Neles aparece uma parte de sua doutrina que era quase desconhecida para os especialistas, o clinamen (desvio).

Infelizmente, apenas um terço do que foi gravado na parede foi recuperado.

Zenón de Sidón

Zeno foi um filósofo nascido no primeiro século aC. C. na Grécia, provavelmente na cidade de Sidon (hoje no Líbano). Ele era contemporâneo de Cícero, que afirmou em seu livro "Sobre a natureza dos deuses" que Zeno desprezava outros filósofos, incluindo clássicos como Sócrates.

Depois de Epicuro, Zeno afirmou que a felicidade não era apenas aproveitar o presente, muito menos as riquezas que eram. Para ele, a esperança de que houvesse uma continuidade de prosperidade e prazer era fundamental. Era sobre não olhar para o futuro com medo.

Horacio

Os seguidores de Epicuro não estavam apenas entre os filósofos. Havia também outros intelectuais que promulgaram suas idéias em suas obras, como Quinto Horácio Flaco, um dos principais poetas da Roma Antiga.

Horacio, conhecido por seus poemas satíricos, viveu vários anos em Atenas, onde estudou grego e filosofia, especialmente epicurismo.

Seu trabalho é caracterizado pela reflexão sobre o que é desejado. Além do elogio recorrente por uma vida de aposentado, o que ele chamou de Beatus Ille, Horacio é conhecido por criar uma máxima que se encaixa perfeitamente com o epicurismo: carpe diem, que significa "aproveite o dia".

Lucrécio

Romano, como Horacio, Lucrecio foi um filósofo e poeta que viveu entre o 99 a. C e 55 a. C. Apenas um texto deste autor é conhecido, chamado De rerum natura (Sobre a natureza das coisas). Neste trabalho defende os ensinamentos de Epicuro, além da física atomística de Demócrito.

Lucrécio explicou o movimento e agrupamentos dos átomos, além de apontar a mortalidade da alma. A intenção do autor, segundo os especialistas, era libertar o ser humano do medo dos deuses e da morte. Esses medos, para o poeta, foram as principais causas da infelicidade.