Pesquisa Descritiva: Tipos e Características

Pesquisa descritiva ou método de pesquisa descritiva é o procedimento utilizado na ciência para descrever as características do fenômeno, sujeito ou população a ser estudado. Ao contrário do método analítico, ele não descreve por que um fenômeno ocorre, mas apenas observa o que acontece sem buscar uma explicação.

Junto com pesquisas comparativas e experimentais, é um dos três modelos de pesquisa utilizados na área da ciência. Esse tipo de pesquisa não inclui o uso de hipóteses ou predições, mas a busca pelas características do fenômeno estudado que interessam ao pesquisador.

Também não responde a perguntas sobre por que, como ou quando o fenômeno ocorre. Em vez disso, ele se limita a responder "qual é o fenômeno e quais são suas propriedades?".

Quando é usado?

Este modelo de pesquisa é utilizado quando há pouca informação sobre o fenômeno. Por essa razão, a pesquisa descritiva é geralmente um trabalho preliminar para a pesquisa expositiva, uma vez que o conhecimento das propriedades de um determinado fenômeno permite explicações para outras questões relacionadas.

É um tipo de pesquisa que é usado para estudar fenômenos ou assuntos qualitativamente, antes de fazê-lo quantitativamente. Os pesquisadores que o utilizam são geralmente sociólogos, antropólogos, psicólogos, pedagogos, biólogos ... Exemplos:

-Um biólogo que observa e descreve o comportamento de uma matilha de lobos.

-Um psicólogo que observa e descreve o comportamento de um grupo de pessoas.

Em geral, esse modelo é usado para categorizar a população nas chamadas "categorias descritivas". Esse tipo de pesquisa geralmente é realizado antes de qualquer tipo de pesquisa analítica, uma vez que a criação de diferentes categorias ajuda os cientistas a entender melhor o fenômeno que devem estudar.

Em geral, o método descritivo é enquadrado dentro do que é conhecido como pesquisa qualitativa. Nesse tipo de pesquisa, o mais importante é entender em profundidade a população estudada, em vez de descobrir diferentes relações de causa e efeito (diferentemente do que ocorre na pesquisa quantitativa).

Para descrever e compreender o fenômeno, o pesquisador pode ser acompanhado por técnicas quantitativas, como a pesquisa.

Diferenças entre o método descritivo e o analítico

A principal diferença entre os dois estilos de pesquisa é que os estudos descritivos tentam apenas entender o fenômeno estudado sem tentar explicar por que ele ocorre. Pelo contrário, os estudos analíticos se concentram em entender as variáveis ​​que causam o fenômeno.

Métodos de pesquisa diferem completamente entre estudos descritivos e analíticos. Embora existam várias maneiras de realizar cada um dos dois tipos de pesquisa, podemos dizer que, em estudos analíticos, o pesquisador tenta influenciar de alguma forma o que ele está observando. Pelo contrário, em estudos descritivos, limita-se a observação.

Tipos de pesquisa descritiva

Basicamente, podemos encontrar três maneiras de realizar uma investigação descritiva:

  • Método observacional
  • Estudo de caso
  • Pesquisas

Cada uma dessas formas de fazer pesquisas descritivas é indicada para estudar um tipo diferente de fenômeno. Por exemplo, pesquisas são muito úteis para aprender mais sobre diferentes comportamentos humanos, enquanto a observação é o método preferido para estudar diferentes populações de animais.

Em seguida, falaremos em profundidade sobre cada um dos três métodos.

Método observacional

Esse tipo de pesquisa descritiva também é conhecido como "observação naturalista". É usado principalmente para observar diferentes eventos que ocorrem naturalmente na vida de animais ou pessoas.

A observação naturalista é amplamente utilizada por biólogos e etologistas que estudam o comportamento animal para entender diferentes espécies. Um dos pesquisadores mais famosos, especializado nesse método, é a Dra. Jane Goodall.

Goodall tem observado uma comunidade de chimpanzés em seu ambiente natural na Tanzânia por mais de 50 anos. Seu trabalho consistia em integrar-se à vida rotineira dos macacos, de tal forma que ele era capaz de observar fenômenos desconhecidos até então de seu modo de vida.

Algumas das descobertas de sua pesquisa permitiram que a ciência do comportamento animal avançasse bastante. Por exemplo, este pesquisador descobriu que os chimpanzés são capazes de usar ferramentas, algo que até recentemente se acreditava ser uma capacidade exclusivamente humana.

Em relação ao trabalho com pessoas, os estudos mais relevantes são aqueles realizados por psicólogos do desenvolvimento. Esses pesquisadores observam as crianças em seus ambientes naturais (por exemplo, em uma sala de jogos na presença de seus pais).

Através das observações feitas por esses psicólogos, hoje sabemos muito mais sobre como ocorre o desenvolvimento intelectual e emocional dos bebês. Isso também nos permite intervir em problemas que ocorrem na idade adulta de forma mais eficaz.

Uma das medidas mais importantes do método observacional é a "confiabilidade entre os tribunais". Basicamente, isso significa que os resultados de uma investigação observacional devem ser replicados por outro cientista que se dedica a observar os mesmos fenômenos.

Tipos de observação

A observação pode ser de dois tipos: indireta e direta. A observação indireta ocorre quando o pesquisador estuda o fenômeno a partir de registros escritos ou audiovisuais: documentos, livros, fotografias, vídeos, entre outros.

Esse método tem limites, uma vez que os registros sobre o fenômeno podem não ser tão abundantes quanto o pesquisador gostaria.

Em geral, esse instrumento de coleta é utilizado quando é perigoso observar o fenômeno diretamente, os fundos necessários não estão disponíveis para fazê-lo ou o fenômeno ocorrido no passado e não existe mais no presente.

Por outro lado, a observação direta ocorre quando o pesquisador entra no ambiente em que o fenômeno se desdobra ou vice-versa. Nesse sentido, o pesquisador não depende de fontes secundárias, mas pode observar o objeto de estudo por si mesmo.

Sempre que possível, os pesquisadores preferem o uso da observação direta, pois confiam mais nos dados obtidos a partir de sua própria experiência.

Com este tipo de instrumento, deve-se ter cuidado para que a mera presença do observador não altere o comportamento do fenômeno. Se isso acontecesse, os dados não seriam válidos.

Estudo de caso

Esse tipo de pesquisa observacional é baseada no estudo de um indivíduo ou de um pequeno grupo deles. Neste caso, investigamos em profundidade as diferentes experiências e comportamentos dos sujeitos do estudo.

Dependendo do fenômeno em que você deseja saber mais, estudos de caso podem ser realizados com indivíduos normais ou com indivíduos com algum tipo de problema. Estes últimos estudos de caso tendem a ser mais interessantes, pois nos permitem entender melhor as diferenças entre pessoas normais e com algum tipo de transtorno.

Por outro lado, estudando as experiências de pessoas que se desviam da média, também podemos aprender mais sobre a natureza humana em geral. Esse método foi preferido por Sigmun Freud, um dos primeiros e mais famosos psicólogos da história.

Provavelmente, um dos estudos de caso mais conhecidos e notáveis ​​é o de Phineas Gage, um trabalhador do século XIX que sofreu um acidente de trabalho que causou sérios danos cerebrais. Seu crânio foi completamente atravessado por uma barra de metal, recebendo ferimentos muito graves no lobo frontal.

Como resultado de seu acidente, os estudos de caso da época relataram que o trabalhador sofreu uma súbita mudança de personalidade. Os pesquisadores descreveram como "seus impulsos animais eram mais fortes que sua racionalidade".

Este caso ajudou a neurociência a descobrir o papel que o lobo frontal desempenha nos instintos moderadores.

Pesquisas

O último tipo de pesquisa descritiva é o realizado por meio de pesquisas. Pesquisas são uma série de perguntas padronizadas que são colocadas para um grupo de pessoas, pessoalmente, por telefone, escritas ou on-line.

As pesquisas servem para entender melhor as crenças, comportamentos e pensamentos do grupo de pessoas entrevistadas. Desta forma, escolhe-se um certo número de participantes, que devem ser representativos de toda a população relevante para o pesquisador.

No campo da psicologia, por exemplo, as pesquisas servem para entender melhor a prevalência de certos fenômenos, como transtornos mentais, homossexualidade ou certos traços de personalidade.

No entanto, como todas as formas de pesquisa nas quais os participantes estão cientes de seu papel, as pesquisas têm um problema: você não pode garantir que as respostas sejam verdadeiras. Portanto, os resultados obtidos com este método de pesquisa devem ser contrastados com outros mais confiáveis.

Funcionalidades

- As informações fornecidas pela pesquisa descritiva devem ser verdadeiras, precisas e sistemáticas.

- Evite fazer inferências sobre o fenômeno. O que importa são as características observáveis ​​e verificáveis.

- O trabalho descritivo se concentra em responder a "o quê" e "o quê?". As outras questões (como, quando e por que) não são de interesse neste tipo de pesquisa. As questões básicas deste tipo de pesquisa são: "qual é o fenômeno?" E "quais são suas características?".

- A questão da pesquisa deve ser original e criativa. Não faz sentido realizar um estudo descritivo sobre um assunto que já foi trabalhado de todas as perspectivas possíveis.

- Os métodos de coleta de dados utilizados são observação, pesquisa e estudos de caso. A partir da observação, os dados qualitativos são geralmente extraídos, enquanto a pesquisa geralmente fornece dados quantitativos.

- A pesquisa descritiva não inclui variáveis. Isso significa que não depende de fatores ou condições que possam modificar os resultados obtidos.

- Como não existem variáveis, o pesquisador não tem controle sobre o fenômeno estudado. Limita-se simplesmente a coletar as informações fornecidas pelos instrumentos de coleta de dados.

- Não basta apresentar as características do fenômeno que foram obtidas através dos métodos de coleta de dados. Também é necessário que estes sejam organizados e analisados ​​à luz de um quadro teórico apropriado, que servirá de base para a pesquisa.

- Na pesquisa descritiva não são feitas comparações entre o fenômeno estudado e outros fenômenos. Esse é o objeto da pesquisa comparativa.

- Relacionamentos podem ser estabelecidos entre os dados obtidos, a fim de classificá-los em categorias (denominadas categorias descritivas). No entanto, essas relações não podem ser causa e efeito, pois seria impossível obter esse tipo de informação por não ter variáveis.