Qual é o nó Borromeano?

O nó borromeano é usado na teoria psicanalítica proposta por Jacques Lacan para se referir a uma estrutura composta de três anéis, correspondendo ao elo dos três registros existentes em todos os sujeitos falantes. Estes são o registro do real, o registro do imaginário e o registro do simbólico.

O nó desses registros é essencial para que o sujeito tenha uma realidade consistente. E nela, manter um discurso e vínculo social com os outros que a cercam.

Através da estrutura do nó borromeano, cada um registra nós com os outros, de modo que, se um é liberado, os outros também fazem isso, sendo essa a qualidade essencial dessa estrutura.

Essa teoria lacaniana pode ser dividida em dois momentos. No primeiro deles, o Nome do Pai atua como uma lei fundamental. Entende-se como significante primordial, sendo aquele que une os três registros propostos por Lacan.

No segundo momento de sua teoria, ele reduz o nó Borromeano a apenas três anéis que estão ligados de tal maneira que são responsáveis ​​pela consistência da estrutura.

Perto do final de seu ensino, Lacan acrescenta um quarto nó, que ele chama de Sinthome.

Como deve o nó borromeano ser entendido?

Em sua teoria psicanalítica, Lacan tenta explicar a estrutura psíquica do sujeito, baseada na do nó borromeano.

Introduzir este conceito para pensar sobre a estrutura da linguagem e seus efeitos sobre o assunto. Desta forma, ele poderia pensar sobre o registro simbólico e suas relações com o registro do real e do imaginário.

Essa estrutura borromeana é então composta de três anéis, cada um representando os três registros propostos por Lacan. Estes são o registro do imaginário, o do simbólico e o registro do real.

A primeira refere-se ao lugar onde as primeiras identificações do sujeito com as outras são produzidas.

O segundo, o registro do simbólico, representa os significantes, isto é, as palavras com as quais o indivíduo se identifica.

E, o terceiro registro, simboliza o real, entendendo-o como aquilo que não pode ser representado simbolicamente porque não tem sentido.

Esses três anéis representados, então, pelos registros componentes da estrutura psíquica do sujeito, são amarrados juntos. De tal maneira que se um dos anéis for cortado, os outros também o fazem.

Cada um desses anéis se sobrepõe aos demais, formando pontos de intersecção com os outros anéis.

As diferentes formas de amarração serão aquelas que determinam as diferentes estruturas da subjetividade. Na medida em que o assunto é entendido como um tipo particular de nó, você pode imaginar várias formas de amarração entre os três registros.

Assim, a partir da perspectiva psicanalítica lacaniana, a estrutura psíquica do sujeito deve ser entendida como uma forma particular na qual o nó borromeano está amarrado.

A análise será entendida como a prática de desatar e refazer nós para produzir uma nova estrutura.

Esse é o modelo que Lacan usou nos anos 70 para explicar a noção que ele tinha da psique humana.

Neste modelo, os três anéis representam as bordas, ou buracos em um corpo, em torno dos quais o desejo flui. A idéia de Lacan é que a psique é em si um espaço no qual suas bordas estão emaranhadas em um nó, que está no centro do ser.

Em 1975 Lacan decidiu adicionar um quarto anel à configuração de três. Este novo anel foi chamado Sinthome (sintoma). Segundo suas explicações, seria esse quarto elemento que mantém a psique encerrada.

A partir dessa perspectiva, o objetivo da análise lacaniana é desbloquear o elo quebrando o nó shintome. Isto é, desate este quarto anel.

Lacan descreve as psicoses como uma estrutura com o nó borromeano desatado. E ele propõe que, em alguns casos, isso pode ser evitado adicionando-se este quarto anel para amarrar a estrutura dos outros três.

A orientação lacaniana é para o real, sendo o que importa para ele na psicanálise.

Dois momentos na teoria do nó Borromeano

Em seus inícios, a teoria psicanalítica lacaniana propõe o nó borromeano como modelo da estrutura psíquica do sujeito, entendendo essa estrutura como metáfora na cadeia significante. Ele concebe o desencadeamento (psicótico até então) como a quebra de um elo na cadeia.

No final de sua teoria, ele se aproxima do nó do real (não mais do simbólico). Ele abandona a noção de cadeia e compreende os diferentes efeitos da estrutura psíquica como um lapso do nó borromeano.

No primeiro momento, Lacan explica que são os significantes que estão ligados de uma maneira borromeana, dizendo que o corte de um dos elos da mesma, libera o resto.

É assim que Lacan faz seus estudos sobre o nó borromeano em relação à estrutura psicótica. Compreender o desencadeamento da psicose como ruptura ou corte em um dos elos da cadeia de significantes. Deste modo, a loucura é concebida como a desconexão do nó borromeano.

Avançando em sua teoria, Lacan faz uma virada, não mais considerando o nó borromeano como uma cadeia significante, mas como a relação entre os três registros (simbólico, imaginário e rea).

Assim, o nó borromeano não mais representará a estrutura psíquica, mas Lacan dirá que é a estrutura como tal.

Em um ponto de sua teoria, Lacan introduz a existência de um quarto elemento, que ele chamou de Nome do Pai. Finalmente, ele conclui que, na realidade, são os três registros interligados que se sustentam mutuamente e é baseado nisso a existência de sua própria consistência.

A partir dessa nova perspectiva, não mais consideraremos um desencadeamento, mas a possibilidade de um deslize no nó. Sendo esta a possibilidade de um mau atamento do mesmo.