Bloqueio Francês de 1838: Causas e Consequências

O bloqueio francês de 1838 ou simplesmente o bloqueio francês do Rio da Prata foi uma ação beligerante estabelecida pelo governo francês contra a Confederação Argentina. Este evento ocorreu entre 28 de março de 1838 e 29 de outubro de 1840.

Este bloqueio consistiu no fechamento do porto de Buenos Aires por um esquadrão francês, impossibilitando o comércio fluvial para a Confederação Argentina.

O bloqueio começou quando o governador da Província de Buenos Aires, Juan Manuel Rosas, se recusou a excluir prisioneiros franceses em território argentino da obrigação de prestar serviço militar (Historiador, 2017).

Rosas também foi o principal representante da Confederação Argentina, razão pela qual seu gesto foi tomado pelo governo francês como um delito por parte da Confederação. Isso levou a França a tomar uma ação militar contra a província de Buenos Aires.

A representação francesa para o ano de 1838 ficou a cargo de Luis Felipe de Orleáns, um líder com uma visão pedante e expansionista.

Sob a proteção dessa representação, as forças militares francesas conseguiram pressionar Rosas pelo bloqueio do Rio da Prata. Rosas teve que enfrentar o descontentamento do povo argentino e uruguaio graças ao bloqueio.

Apesar das múltiplas manifestações e revoltas ocorridas contra o governo de Rosas, por causa do bloqueio e dos problemas relacionados ao fechamento do comércio fluvial, este não foi derrubado.

Desta forma, o governo francês decidiu suspender o bloco dois anos após o seu início, assinando o tratado de Mackau-Arana (Olivares, 2016).

Causas do bloqueio francês do River Plate

Houve inúmeras causas que levaram o governo francês a bloquear o Rio da Prata em 1838. Algumas dessas causas podem ser vistas abaixo:

Situação política entre a França e a Confederação Argentina

Entre os anos de 1821 e 1823, o governo provincial de Buenos Aires estabeleceu que os cidadãos nacionais e estrangeiros residentes na província de Buenos Aires seriam obrigados a fornecer armas.

Isso incluía todos os estrangeiros que possuíam terras, que exerciam algum tipo de comércio e viviam mais de dois anos na província ou que haviam sido capturados por pertencerem a uma milícia.

Essa obrigação, portanto, incluía todos os habitantes franceses e ingleses que viviam na província de Buenos Aires.

No entanto, no ano de 1825, todos os britânicos que viviam na província estavam isentos dessa obrigação. Diante desta situação, o governo francês solicitou os mesmos benefícios, no entanto, este pedido foi rejeitado pelo então governador da província, general Juan Ramón Balcarce.

Depois de tentar obter a isenção do serviço de armas para os cidadãos franceses que viviam em Buenos Aires, o governo da França optou por aplicar uma política beligerante.

Assim, sob um governo com uma postura expansionista e nacionalista, decidiu-se estabelecer uma ação que demonstrasse o poder da França como potência contra as Américas (PCR, 2011).

Confronto entre Rosas e Lavalle

Para o ano de 1828, o general Juan Lavalle (líder da independência da República da Argentina), foi eleito governador da província de Buenos Aires, depois de condenar Juan Ramón Balcarce ao exílio.

Em menos de um ano de seu governo, Lavalle foi destronado por Rosas, o líder mais importante da Confederação Argentina.

Após este encontro desagradável, o comandante da força naval da França, o visconde de Venancourt, decidiu interceder, capturando a frota da província.

Essa captura teve o apoio de Lavalle e foi abertamente reprovada por Rosas. Graças a tudo isso, Rosas decidiu, com mais zelo, aderir à política que obrigava os cidadãos franceses de Buenos Aires a prestar serviço de armas à Argentina.

Consequências do bloqueio do Rio da Prata

Graças à fricção e tensão entre o governo de Rosas e o governo francês, em 1838 a França decidiu bloquear as vias comerciais de acesso ao rio ao longo do Rio da Prata.

Essa iniciativa também foi motivada pelos ideais nacionalistas da França que procuravam ensinar uma lição a Buenos Aires. Nesse sentido, a França indicou abertamente que daria uma punição exemplar ao invencível Buenos Aires, para que as Américas reconhecessem seu poder como potência.

Até o ano de 1838, vários funcionários franceses residiam em território argentino. Essas autoridades tinham indicações expressas para fazer o que fosse necessário contra o governo argentino, caso a situação o justificasse.

É assim que o gerente de negócios Aimé Roger, depois de ter sido desprezado por Rosas, afirma que a França iniciaria uma luta contra os interesses federalistas da Argentina.

Desta forma, Rosas afirma que a Argentina nunca se juntaria aos ideais de um estrangeiro, especialmente se esse estrangeiro fosse a França.

Descontentamento da França

Em 24 de março de 1838, após o incidente entre Rosas e Roger, e levando em conta a situação política na França e em Buenos Aires, o almirante francês Luis Francisco Leblanc mudou-se para Buenos Aires. Lá, ele novamente exige o seguinte do governo de Buenos Aires:

- Retirar a obrigação de emprestar armas a cidadãos e súditos franceses no território de Buenos Aires. Garantir um tratamento privilegiado para a nação.

- Compensar os cidadãos franceses que foram afetados pelas decisões políticas da Confederação.

Embora Rosas tenha sido aconselhado pelo governo britânico a atender a essas demandas, ele decidiu ignorar as recomendações e passou a responder de maneira aguda à ameaça da força (Totora, 2011).

Impacto na política interna argentina

Por dois anos o bloqueio foi mantido, produzindo rachaduras no produto de poder do descontentamento das pessoas.

Várias guildas se levantaram contra Rosas e a guerra civil dentro do país foi revivida. Várias invasões ocorreram e o grupo de jovens unitários decidiu apoiar a invasão estrangeira na Argentina.

No entanto, o exército de Rosas permaneceu inalterado, com 17.000 homens buscando fortalecer a nação americana sobre o poder da França.

Rosas foi então visto como um homem liberal e obviamente civilizado, atributos que o impediram de ser derrubado de seu mandato.

Fortalecimento do nacionalismo argentino

A posição de Rosas sobre a situação com os estrangeiros fortaleceu sua presença como governador da província de Buenos Aires.

Por outro lado, a defesa da soberania, honra e integridade nacional tornou-se um elemento fundamental para muitos indivíduos da Confederação.

Da mesma forma, o governo da França passaria por várias mudanças neste momento, buscando reverter o bloqueio.

No ano de 1840, o tratado Mackau-Arana foi assinado, o que indicava que a França receberia os direitos da nação mais favorecida pela Argentina.

Contudo, a França teve que renunciar a solicitar os direitos civis e políticos que foram reconhecidos a um cidadão sul-americano, a partir daquele momento (RREE, 2000).