Qual é a teoria do catastrofismo?

A teoria do catastrofismo afirma que a Terra e muitos dos seus componentes foram formados através da sucessão de eventos catastróficos que causaram o desaparecimento de certas espécies, animais e plantas, e permitiram o aparecimento de outros. Teve seu pico durante os séculos XVII, XVIII e XIX.

O catastrofismo propõe a hipótese de que a origem da Terra ocorre através de um súbito evento de grande magnitude. A manifestação de eventos naturais de grande capacidade destrutiva, como terremotos, tornados, tsunamis, entre outros, são os elementos que utiliza.

O catastrofismo tem sido questionado, pois estabelece que apenas grandes mudanças catastróficas ocorrem em eventos catastróficos. No entanto, é preciso levar em conta que, em tempos pré-históricos, as condições climáticas e naturais da Terra não eram as mesmas de hoje e que, com o passar do tempo, grandes mudanças naturais ocorreram sem a necessidade de fenômenos naturais destrutivos.

Há aqueles que, ainda hoje, continuam defendendo alguns postulados do catastrofismo, desenvolvendo correntes e pensamentos derivados que são cientificamente aceitos.

História da teoria do catastrofismo

Os começos do catastrofismo têm sua origem com as obras do irlandês James Ussher e sua cronología sobre a terra, que lhe tentaram atribuir uma idade no Universo e causas a sua formação.

Em 1650, Ussher escreveu o livro Os Anais do Mundo e, com base na Bíblia, propôs:

  • Que a criação da Terra aconteceu no domingo, 23 de outubro de 4004 aC
  • A expulsão de Adão e Eva do Paraíso ocorreu na segunda-feira, 10 de novembro de 4004 a. C.
  • O fim do Dilúvio Universal aconteceu na quarta-feira, 5 de maio de 2348 a. C.

Obviamente, esses dados estavam errados, uma vez que atualmente estima-se que a idade da Terra seja de aproximadamente 4470 milhões de anos e a mesma para o Sistema Solar.

Mais tarde, um dos principais promotores e defensores da teoria do catastrofismo foi o paleontologista francês Georges Cuvier (1769-1832).

Cuvier afirmou que as mudanças geológicas e biológicas mais significativas na Terra não se deviam a processos lentos e graduais (como muitos outros fenômenos naturais), mas a processos súbitos, repentinos e violentos; catastrófico, em suma.

Cuvier influenciou muitas de suas posições com teorias criacionistas e até bíblicas, o que dá à teoria do catastrofismo uma grande marca religiosa, já que toma como referência eventos bíblicos como o Grande Dilúvio e a Arca de Noé como justificativa para a presença de certos fósseis descobertos, por exemplo.

A Igreja, eventualmente, aproveitaria essa unificação entre o caráter científico e religioso que as teorias do catastrofismo adotariam em benefício próprio e a usaria como alimento para fornecer maior veracidade às suas próprias afirmações bíblicas.

As bases que Cuvier estabeleceu com a teoria do catastrofismo permitiram avançar, dando origem ao uniformitarismo, um paradigma que daria origem à geologia moderna como ciência profissional.

A partir dessa nova teoria, foi possível verificar que as condições da Terra vêm evoluindo com o tempo, e as mudanças não se devem apenas a fenômenos violentos e catastróficos.

Características da teoria do catastrofismo

Cuvier afirmou que eventos naturais de maior magnitude e capacidade destrutiva foram os responsáveis ​​por gerar as mais notáveis ​​mudanças físicas na Terra, além de ter uma grande influência na presença de espécies animais e vegetais ao longo da Pré-História e da História.

Desta forma, terremotos, furacões, tornados, erupções vulcânicas e outros fenômenos geológicos e meteorológicos catastróficos são os principais responsáveis ​​por essas mudanças.

Atualmente, foi possível determinar a influência de, por exemplo, erupções vulcânicas em ecossistemas adjacentes e sua capacidade de "reiniciar" em solos e vegetação.

No entanto, outros fenômenos, como tornados e até mesmo terremotos (dependendo da magnitude), podem não ser fortes o suficiente para causar mudanças realmente consideráveis.

Talvez um dos poucos fenômenos resolvidos pelo catastrofismo foi a extinção dos dinossauros devido a um evento súbito e altamente violento, assim como um meteorito.

Implicações religiosas

A teoria do catastrofismo é um paradigma altamente permeado pela influência eclesiástica e bíblica. Na época de sua manifestação pública, a Igreja tinha grande poder sobre a pesquisa acadêmica.

Cuvier percebeu uma certa relação entre alguns fenômenos da teoria criacionista e seus postulados catastróficos, que ele encomendou para coligir, permitindo que se fornecessem as respostas do outro.

Por esta razão, histórias como a Arca de Noé acontecem na teoria do catastrofismo como uma justificativa para a presença de certas espécies e a extinção e a fossilização de outras. A Igreja aproveitou isso para proteger com um sustento científico algumas de suas histórias mais incríveis.

Novas noções sobre a antiguidade terrestre

O catastrofismo foi uma das muitas tentativas para determinar a idade da Terra e, talvez, a razão de sua localização na galáxia e no universo, bem como suas condições únicas para a vida da habitação.

Como qualquer bom paradigma, embora não pudesse ser mantido ao longo do tempo, o catastrofismo serviu para dar lugar a novas perspectivas sobre o conhecimento geológico e modernizar os processos de estudo e reflexão terrestre.

Isso ocorreria com o surgimento do uniformitarianismo ou atualismo, promovido por Hutton em 1788 em sua "Teoria na Terra", que estabeleceria que as maiores mudanças terrestres foram graduais ao longo do tempo e não sujeitas a alguns eventos graves.

Novas implicações

Com o tempo, as abordagens catastrofistas foram renovadas, dando origem a um paradigma conhecido como neocatastrofismo, que busca estabelecer a relação que os eventos catastróficos (antes vistos como a principal causa de mudanças) têm no processo de mudança gradual. da Terra.

Esta nova percepção é trabalhada profissionalmente e contribui para os modernos esforços geológicos para continuar a decifrar os desconhecidos da Terra.