Síndromes Pleuropulmonares: Tipos, Causas e Tratamentos

As síndromes pleuropulmonares são uma série de complexos síndromáticos que afetam o sistema respiratório inferior (entre os brônquios principais e os alvéolos pulmonares) e que compartilham dois sintomas cardinais: tosse e desconforto respiratório. Embora os sintomas sejam semelhantes, essas síndromes têm uma fisiopatologia bem diferenciada.

Por outro lado, a causa de cada complexo síndromático é diferente, portanto, a eficácia clínica é essencial para estabelecer um diagnóstico correto. O evento fisiopatológico comum a todas as síndromes pleuropulmonares é a diminuição do espaço disponível para a troca gasosa (ventilação) no pulmão.

Da mesma forma, também é um evento fisiopatológico comum o acúmulo de líquido nos espaços intersticiais, interferindo assim na dinâmica respiratória normal. Embora esta seja a via comum responsável pelos sintomas cardinais (tosse e desconforto respiratório com ou sem hipoxemia), o caminho para alcançá-la varia dependendo do tipo de síndrome.

Tipos, causas e tratamentos

As síndromes pleurais pulmonares podem ser divididas em 5 grandes grupos:

- síndrome de condensação pulmonar.

- Síndrome de atelectasia.

- Derrame pleural.

- Pneumotórax.

- síndrome de aprisionamento aéreo.

Cada um deles tem diferentes causas e características, mesmo quando compartilham sintomas comuns. Além disso, o tratamento varia entre uma síndrome e outra; daí a importância de um diagnóstico precoce e preciso, porque a falha em identificar a causa pode levar a complicações graves.

Síndrome de condensação pulmonar

Fala-se da síndrome da condensação pulmonar quando há um evento local ou difuso que produz inflamação do tecido pulmonar.

Essa inflamação gera um aumento na densidade das células na região do pulmão afetado, bem como no sequestro de fluido no espaço intersticial.

O termo "condensação" deriva do achado radiológico (em radiografia de tórax) caracterizado por um aumento da opacidade na área doente.

Ou seja, o tecido parece mais denso que o resto das estruturas vizinhas. Daí o uso da palavra condensação. Em geral, o paciente vem por causa da tosse, falta de ar e febre.

Causas

- Infecções do tecido pulmonar (pneumonia, tuberculose, infecções fúngicas).

- Contusão pulmonar (secundária a trauma).

- Cancer de pulmão.

Tratamento

O tratamento das síndromes de condensação pulmonar depende da causa. Quando é devido a infecções, geralmente é necessário usar antimicrobianos específicos para o agente causador.

Por outro lado, quando a origem da condensação é uma concussão, o repouso é geralmente suficiente, a menos que a extensão seja tal que uma intervenção cirúrgica seja necessária (algo muito raro).

Por sua vez, o câncer de pulmão requer tratamentos específicos que passam por cirurgia, radioterapia e, em alguns casos, quimioterapia.

Síndrome atelética

As síndromes de atelectasias são todas aquelas condições em que os alvéolos pulmonares colapsam (fecham), permitindo que o líquido se acumule no interior.

Isso aumenta o espaço morto pulmonar; ou seja, a quantidade de tecido pulmonar que não recebe ar, gerando os sintomas clássicos de tosse e desconforto respiratório.

Embora na radiografia possa ser quase indistinguível de uma síndrome de condensação, existem sinais sutis (como o desvio da traqueia para o lado da imagem patológica no raio X) que orientam para esse diagnóstico.

Do ponto de vista fisiopatológico, a grande diferença é que a síndrome de condensação se origina no parênquima pulmonar (tecido pulmonar), enquanto a atelectasia se origina em obstruções ao nível dos brônquios e bronquíolos.

Causas

- Insuficiência de surfactante (em bebês nascidos a termo).

- Obstrução do trato respiratório devido a qualquer causa (corpos estranhos, cicatrizes, tampões de muco, tumores).

- Ventilação mecânica prolongada (por cirurgia ou internação em unidade de terapia intensiva).

- Cirurgia abdominal alta (a dor provoca respiração superficial e, portanto, os alvéolos da base do pulmão não são bem ventilados, o que no final favorece o acúmulo de líquido no interior).

- Infecções graves, como abscesso pulmonar.

Tratamento

Dependendo da causa, o tratamento adequado deve ser estabelecido, embora existam medidas comuns a todos os casos:

- Fornecimento de oxigênio suplementar por cânula ou máscara (dependendo do nível de hipoxemia).

- Inspirações de incentivo (fisioterapia respiratória usando o equipamento Triball).

- percussão torácica.

Neste ponto, é importante enfatizar que, embora atelectasias possam ser tratadas, 90% delas podem ser prevenidas; daí a importância da fisioterapia respiratória e da educação do paciente antes que o evento seja apresentado, para que possa ser evitado.

Derrame pleural

O derrame pleural é o acúmulo de líquido no espaço pleural; isto é, entre a parede do tórax e o pulmão. A gravidade dos sintomas depende da quantidade de líquido no espaço pleural: quanto maior o número, mais intensos são os sintomas, principalmente o desconforto respiratório.

Causas

Os derrames pleurais podem ser de dois tipos: exsudado e transudato. Os exsudatos geralmente são causados ​​por problemas pulmonares, geralmente câncer de pulmão e infecções complicadas (pneumonia com derrame pleural ou tuberculose complicada).

No caso dos transudatos, o problema é geralmente extrapulmonar e pode ser devido a uma diminuição na pressão oncótica do plasma (insuficiência hepática, hipoproteinemia), aumento da pressão venosa pulmonar (insuficiência cardíaca direita) ou sobrecarga de água ( insuficiência renal).

Além disso, há um terceiro tipo de derrame pleural conhecido como hemotórax. Nestes casos, não é um transudato ou um exsudato, mas sangue.

A causa mais comum de hemotórax é trauma torácico (penetrando em primeiro lugar e hematoma no segundo), embora possa haver casos de hemotórax sem trauma prévio, como em certas discrasias sangüíneas.

Tratamento

O tratamento do derrame pleural (descrito em alguns textos como hidrotórax) envolve a evacuação de líquido do espaço pleural, seja por toracocentese (punção com agulha grossa através de um espaço intercostal) ou colocação de um dreno torácico ligado a um dreno fechado (armadilha) de água).

Em geral, essas medidas devem ser realizadas com urgência para aliviar a dificuldade respiratória do paciente, que geralmente é grave. Uma vez que a situação tenha sido temporizada, você deve proceder para corrigir ou pelo menos controlar a causa subjacente (sempre que possível).

Pneumotórax

Pneumotórax é definido como a presença de ar na cavidade pleural; isto é, dentro do tórax, mas fora do pulmão. Quando isso acontece, a pressão do ar se acumula dentro do espaço pleural, impedindo que o pulmão se expanda normalmente e interfira na troca gasosa.

Nas primeiras horas de evolução, o pneumotórax é geralmente de baixa pressão, de modo que os sintomas são moderados (desconforto respiratório e hipoxemia); No entanto, à medida que mais ar se desenvolve e se acumula no espaço pleural, a pressão no espaço pleural aumenta, levando a um pneumotórax hipertensivo.

Nestes casos, a deterioração da função respiratória é grave e rápida, sendo necessária atenção médica urgente.

Causas

Os traumatismos torácicos são a causa mais comum de pneumotórax. Nestes casos há lesão do parênquima pulmonar, que permite a fuga de ar para o espaço pleural.

No entanto, as lesões não são a única causa; De fato, há uma condição conhecida como pneumotórax espontâneo, em que há ar no espaço pleural sem nenhum trauma.

A causa dessa condição é a ruptura de um bula enfisematoso (bolsa de ar) ou bolhas (pequenas bolhas de ar) subpleurais.

Finalmente, o pneumotórax pode ser resultado de procedimentos terapêuticos, como barotrauma por ventilação mecânica, punção acidental do pulmão durante procedimentos como biópsia pleural e biópsia hepática, colocação de acessos venosos centrais, entre outros.

Tratamento

O tratamento do pneumotórax consiste na evacuação do ar acumulado no espaço pleural; Para isso, geralmente é necessário colocar um dreno torácico (também conhecido como cateter de toracostomia) conectado a um dreno com um selo de água que permita que o ar escape, mas não entre novamente.

Geralmente, o pneumotórax resolve em 2 a 5 dias; no entanto, quando persistir, é necessário realizar algum tipo de procedimento específico que pode variar desde a cirurgia (geralmente em casos de trauma) até a pleurodese.

Síndrome de aprisionamento aéreo

Esta síndrome inclui todas aquelas doenças em que há alterações do pulmão que impedem a entrada de ar (bronquite crônica) ou a saída (enfisema pulmonar, asma brônquica).

Em todos esses casos, o tecido pulmonar sofre alterações inflamatórias e / ou degenerativas que impedem uma troca gasosa adequada, gerando os já conhecidos sintomas de tosse e desconforto respiratório.

Causas

As síndromes de aprisionamento aéreo são principalmente devidas a duas causas:

- Doença Broncopulmonar Obstrutiva Crônica (EBPOC), que engloba enfisema pulmonar e bronquite crônica.

Asma brônquica.

Existem outras causas, como a deficiência de alfa-1-antitripsina, a pneumoniae e a fibrose cística, embora todos esses processos convirjam no final do desenvolvimento do EBPOC, de modo que seriam incluídos nessa categoria.

Tratamento

O tratamento da síndrome de aprisionamento de ar é específico para a causa. Assim, existem tratamentos especiais para asma, outros para protocolos de manejo de bronquite e enfisema pulmonar.

Embora os medicamentos possam ser os mesmos em alguns casos, as doses, os intervalos entre as doses e a associação entre os medicamentos variam de acordo com a causa.

É muito importante enfatizar que todas as síndromes pleuropulmonares são condições delicadas que requerem tratamento médico especializado, portanto a automedicação nunca é uma boa opção.

Por outro lado, as síndromes pleuropulmonares podem se sobrepor ou até levar a outras, como no caso de derrame pleural que pode levar à atelectasia ou atelectasia, que é secundariamente infectada e evolui para uma neonomia (síndrome de condensação).

Por essa razão, o monitoramento clínico é essencial para evitar surpresas desagradáveis ​​durante a evolução do paciente.