As 4 idéias predominantes do modelo aristotélico
As idéias predominantes do modelo aristotélico são a teleologia da natureza, a imprecisão das ciências práticas, o motor imóvel como causas primárias e a biologia como paradigma.
Aristóteles foi um filósofo, cientista e lógico da Grécia antiga, nascido na cidade de Estagira no ano 384 aC, cujo pensamento e idéias têm sido de grande transcendência e influência nos círculos académicos acadêmicos e filosóficos ocidentais há mais de 2.000 anos.
Reconhecido como o fundador e precursor do estudo sistemático da lógica e da biologia, ele também teve influência em diferentes disciplinas do conhecimento, como retórica, física, filosofia política, astronomia e metafísica, entre outras.
Ele era um discípulo de Platão e Eudoxo, e fazia parte da Academia de Atenas por mais de 20 anos até que partiu para começar sua própria escola, o Liceu de Atenas, onde lecionou até pouco antes de sua morte, em 322 aC
Ao longo de sua vida muito produtiva, Aristóteles deixa um legado de idéias consideradas revolucionárias para o seu tempo, baseado em sua análise empírica e observação de tudo que o rodeava, e que após dois milênios ainda hoje são objeto de discussão e estudo. .
Quatro idéias predominantes do modelo aristotélico.
Inquestionavelmente, o trabalho de Aristóteles é muito extenso e cheio de idéias e proposições que preenchem bibliotecas inteiras apenas para tentar explicar seu significado.
Tomemos como exemplo alguns dos mais representativos, como o descrito abaixo.
1- A teleologia da natureza
Em princípio, devemos definir a teleologia como o ramo da metafísica que estuda os fins ou propósitos de um objeto ou de um ser, ou como definido pela filosofia tradicional, o estudo da doutrina filosófica das causas finais.
Tal é a ênfase que Aristóteles faz na teleologia que tem repercussões em toda a sua filosofia. Aristóteles diz que a melhor maneira de entender por que as coisas são como são é entender o propósito para o qual foram criadas.
Quando estudamos, por exemplo, os órgãos do corpo, podemos verificar sua forma e composição, mas só os entendemos quando conseguimos decifrar o que devem fazer.
O compromisso de Aristóteles com a aplicação da teleologia implica aceitar que há uma razão para tudo.
Assume que somos essencialmente seres racionais e argumenta que a racionalidade é nossa causa final e que nosso maior objetivo é cumprir nossa racionalidade.
2- A imprecisão da ciência prática
Em pouquíssimas ocasiões, Aristóteles estabelece regras rigorosas e rápidas nas ciências práticas, pois afirma que esses campos são naturalmente inclinados a um certo grau de erro ou imprecisão.
Assume como fato que as ciências práticas, como política ou ética, são muito mais imprecisas em sua metodologia do que a lógica, por exemplo.
Não pretende, com essa afirmação, definir política e ética no nível de alguns ideais como fracassos, ao contrário, sua natureza é crítica.
Ambas as disciplinas, política e ética estão relacionadas às pessoas, e as pessoas são bastante variáveis em seu comportamento.
A posição de Aristóteles na política é clara, pois ele parece ter dúvidas ao sugerir qual tipo de constituição é a mais conveniente, mas, longe de ser uma ambigüidade, ele simplesmente reconhece que pode não haver uma única melhor constituição.
Um regime democrático ideal é baseado em uma população com educação e generosidade, mas se não tiver essas qualidades, aceita que outro tipo de governo poderia ser mais apropriado.
Similarmente, em sua visão de ética, Aristóteles não sugere regras severas e rápidas sobre a virtude, porque ele assume que comportamentos diferentes podem ser virtuosos em outros tipos de circunstâncias e tempo.
A falta de clareza das recomendações de Aristóteles sobre ciências práticas representa sua visão geral de que diferentes formas de estudo também precisam de tratamentos diferentes.
3- O motor imóvel como causa principal
Segundo Aristóteles, tudo que se move é movido por algo ou por alguém, e tudo tem uma causa. Este processo não pode ser mantido indefinidamente, por isso é essencial a existência de um primeiro motor que por sua vez não é movido por absolutamente nada.
Esse é o motor imóvel, a causa primitiva cuja existência Aristóteles propõe, que é pura forma e não tem matéria, é perfeita e se contempla em sua perfeição, a ponto de conseguir associar esse motor imóvel a Deus.
4- Biologia como paradigma
A palavra paradigma significa, na sua definição filosófica mais simples, "exemplo ou modelo a seguir".
Platão baseia-se em seu profundo conhecimento de matemática para aplicar o mesmo modelo de raciocínio matemático como um paradigma do que o raciocínio em geral deveria ser.
No caso de Aristóteles, seu conhecimento e sua aptidão inata para com a biologia tornam mais fácil aplicar esse conhecimento para estabelecer comparações em campos filosóficos muito distantes da biologia.
Para Aristóteles, é muito útil estudar os seres vivos para perguntar qual é a função de um determinado órgão ou processo.
É deste método prático que ele consegue inferir em termos gerais que todas as coisas têm um propósito e que é possível entender melhor o funcionamento das coisas se nos perguntarmos qual é o seu propósito.
Da mesma forma, Aristóteles desenvolve uma maneira muito engenhosa de classificar organismos vivos de acordo com suas espécies e seu gênero, que ele usa como paradigma ou exemplo para elaborar sistemas de classificação para tudo, desde a retórica e a política até as categorias do ser.
É evidente que o trabalho realizado por Aristóteles no campo da biologia lhe fornece habilidades e talento para observar e analisar as coisas nos mínimos detalhes e reafirmar seu postulado de observação como uma chave intrínseca ao conhecimento.