Paradigma Sociocrítico em Pesquisa: História, Características, Exemplos

O paradigma sociocrítico em pesquisa é um dos quatro principais modelos de pesquisa, juntamente com o paradigma positivista, a hermenêutica histórica e o quantum. Em particular, o paradigma sociocrítico emergiu em resposta ao positivista, promovendo a ação individual e a reflexão.

O principal objetivo do paradigma sócio-crítico é a visão do passado de maneira racional e objetiva, de tal forma que todas as idéias limitantes recebidas possam ser superadas. Foi promovido principalmente pela chamada Escola de Frankfurt, cujos principais expoentes eram, entre outros, Theodor Adorno e Max Horkheimer.

Os criadores desse modelo de pensamento queriam entender melhor como a sociedade afeta o comportamento dos indivíduos, a fim de realizar mudanças em nosso modo de vida. Ele também pretendia entender os seres humanos sem cair em reducionismo e conformismo, como a abordagem positivista.

História do paradigma sócio-crítico

O paradigma sociocrítico, também conhecido como teoria crítica, é uma corrente de pensamento que dá grande importância à análise da cultura e da sociedade através da aplicação das descobertas das ciências sociais. Dessa forma, a intenção da corrente era libertar os humanos das circunstâncias em que viviam.

A primeira vez que a teoria crítica surgiu foi com a Escola de Frankfurt, uma filosofia neo-marxista que apareceu na Alemanha dos anos 30. Baseado nas idéias de Marx e Freud, o paradigma sócio-crítico acreditava que as ideologias eram o principal obstáculo para libertação humana.

Os principais expoentes da Escola de Frankfurt foram Theodor Adorno, Herbert Marcuse, Erich Fromm e Marx Horkheimer. Suas idéias, apesar de não serem amplamente conhecidas pelo público em geral, foram transmitidas e têm uma importância relativa no campo das ciências sociais.

Embora inicialmente tenha surgido como uma corrente do marxismo e do comunismo, a teoria crítica logo percebeu a importância de suas idéias tanto na pesquisa quanto na comunicação com a sociedade.

Devido à crença de que tudo é determinado pela sociedade em que ocorre, nas décadas de 60 e 70, os pesquisadores críticos decidiram que não é possível conhecer a realidade objetivamente.

Por isso, adotaram um sistema de pesquisa qualitativa, mais baseado na compreensão de cada situação de forma mais profunda do que em encontrar padrões e sistemas de causa e efeito.

A partir desse período, o pensador mais influente da teoria crítica tem sido Jürgen Habermas, que defende idéias como a subjetividade da comunicação. Ele também introduziu o conceito de "ciência reconstrutiva", uma tentativa de misturar a subjetividade das ciências sociais com a objetividade dos puros.

Base marxista inicial

As idéias dos fundadores da Escola de Frankfurt, os primeiros proponentes da teoria crítica, baseavam-se, em princípio, no marxismo. Por causa de sua rejeição das idéias capitalistas na sociedade, mas também dos sistemas comunistas clássicos, esses pensadores tentaram encontrar uma alternativa para ambos.

Outra de suas principais idéias foi a rejeição do positivismo, materialismo e determinismo, correntes filosóficas que eram mais aceitas na época. Para fazer isso, eles tentaram retornar a sistemas de pensamento mais clássicos, como a filosofia crítica de Kant ou o idealismo alemão de Hegel.

Características principais

Visão da cultura como causa das desigualdades

Com base nas teorias marxistas, os pensadores da Escola de Frankfurt acreditavam que todas as desigualdades entre as pessoas tinham que ser explicadas pela sociedade em que viviam, e não pelas diferenças individuais.

Isso se opunha a várias correntes psicológicas que prevaleciam na época, como as teorias da inteligência ou da personalidade.

Devido a essa crença de que a cultura é aquela que cria desigualdades, os seguidores do paradigma sociocrítico acreditavam que era necessário mudar o discurso social para alcançar a igualdade absoluta entre pessoas e classes. Por exemplo, seus pesquisadores se concentram em questões como raça, sexo, orientação sexual e nacionalidade.

Alguns pesquisadores desta corrente rejeitam ideias contrárias a esse modo de pensar, como as diferenças anatômicas nos cérebros masculino e feminino.

Eles argumentam que é impossível conhecer a realidade objetiva e que, por outro lado, toda ciência é fortemente influenciada pela cultura na qual ela é criada. Essa é uma forma de subjetivismo científico.

Relativismo

Além da ciência, o paradigma sócio-crítico também promove o relativismo em outras áreas do conhecimento. Por exemplo, na sociologia crítica, uma das idéias predominantes é a necessidade de abandonar todas as velhas tradições e estilos de vida devido à sua toxicidade.

Desta forma, o que é conhecido como Postmodernism é criado: a incapacidade de descobrir a verdade sobre qualquer situação, devido às influências que a sociedade tem sobre eles.

Pelo contrário, os pesquisadores que seguem o paradigma sócio-crítico se concentram no estudo de fenômenos como linguagem ou símbolos, que nos permitem estudar as verdades subjetivas das pessoas.

Dessa forma, eles se concentram mais na pesquisa qualitativa - o que permite conhecer um fenômeno em profundidade - do que na pesquisa quantitativa.

Crítica da civilização ocidental

Devido à crença de que a cultura tradicional é a causa de todas as desigualdades e injustiças, os teóricos do paradigma sócio-crítico acreditam que a sociedade ocidental é um sistema opressor que causa muitos problemas.

Devido à sua rejeição das idéias capitalistas, os primeiros estudiosos da Escola de Frankfurt acreditavam que a exploração de recursos em troca de dinheiro era um ato violento e contra a liberdade do povo. Portanto, suas idéias estavam mais próximas dos comunistas.

No entanto, depois de ver os resultados do comunismo na antiga União Soviética, os teóricos críticos decidiram que era necessário educar a população primeiro usando símbolos culturais para aceitar as idéias marxistas.

Eles rejeitaram todas as tradições ocidentais, descartando-as como nocivas, e elogiaram idéias como o multiculturalismo e a globalização.

Exemplos de aplicações do paradigma sócio-crítico

Em estudos de educação ambiental

O paradigma sócio-crítico tem sido utilizado na educação ambiental, uma vez que busca conhecer as realidades ambientais de forma prática e, a partir desse conhecimento, promover reflexão e ação positiva por parte do aluno.

Na educação científica

No campo da ciência também há espaço para o paradigma sociológico, pois através dele é possível abordar a experimentação e gerar transformações sociais a partir da reflexão sobre os fenômenos estudados.

Na medicina

O principal objeto de estudo da medicina é o ser humano. A abordagem sócio-crítica é fundamental nas ciências médicas, uma vez que toda pesquisa dentro desse campo deve ter como objetivo proporcionar bem-estar físico e, por extensão, social. A visão social torna-se o eixo condutor do exercício médico.