Neoliberalismo: origem, autores e governos
O neoliberalismo ou modelo neoliberal é uma corrente política e econômica baseada no capitalismo, que tem como princípio a não-participação do Estado na esfera econômica, propiciando a produção privada com capital próprio. Promove a reformulação do paradigma liberal clássico dos séculos XVIII e XIX.
Um dos aspectos que impulsionou o desenvolvimento dessa nova doutrina foi a necessidade de evitar a repetição do declínio da economia na década de 1930, historicamente conhecida como a Grande Depressão. O modelo neoliberal estimula o investimento de capital estrangeiro.
Também favorece a privatização de serviços públicos e grupos empresariais, porque considera que eles operarão mais eficientemente nas mãos do setor privado. Suas ações são a favor de minimizar os gastos sociais e dar liberdade de concorrência entre as empresas, criando um mercado aberto e livre comércio.
Essa política econômica sustenta que o livre mercado é o ambiente ideal para a alocação e troca dos diferentes recursos econômicos da nação.
Origem e estabelecimento
Em suas origens, durante a década de 1930, o neoliberalismo foi uma filosofia econômica que tentou ser uma opção entre o liberalismo clássico e a economia planejada representada pelo socialismo.
Sua concepção atual nasceu na década de 1940. Em 1944, Friedrich Von Hayek publicou seu livro The Road to Serfdom, que é considerado a fundação desse modelo econômico.
Em 1947, Von Hayek convocou uma reunião na Suíça com a presença de Karl Pepper e Ludwig Von Mises, entre outros pensadores da época. Lá foi fundada a sociedade Mont Péterin, cujo objetivo era levantar as bases de uma variante do capitalismo, livre de qualquer interferência do Estado.
É em 1966, quando Ludwig Erhard implementou pela primeira vez na Alemanha Ocidental as idéias neoliberais, ajudando a reconstruir o país.
Em 1974, após o surgimento da economia do pós-guerra, os países capitalistas entraram em profunda estagflação. Durante essa crise, as idéias neoliberais começaram a ganhar espaço, fazendo-se sentir na América Latina.
Nesta região, o primeiro país a experimentar políticas neoliberais foi o Chile, em 1974, sob a ditadura de Pinochet. Uma década depois, na Inglaterra, sob a administração de Margaret Thatcher, pela primeira vez, um governo europeu pôs em prática esse plano econômico.
História
Após o plano implementado por Erhard, o neoliberalismo entrou em declínio acentuado, ressurgindo novamente em 1974, durante a ditadura de Pinochet, que enfrentou uma crise inflacionária e uma escassez de produtos básicos.
Para sair dessa grave situação, o governo chileno contou com economistas da chamada Escola de Chicago. Eles tomaram como base as idéias apresentadas por Milton Friedman.
Além do modelo chileno, o neoliberalismo passou pelos governos de Jaime Paz Zamora, da Bolívia, Carlos Salinas de Gortari, do México, Carlos Raúl Menem, da Argentina, e Fujimori, do Peru. Na Inglaterra, em 1979, com Margaret Thatcher, e um ano depois, Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
Também em 1980, na Dinamarca, a direita assumiu o poder através de Paul Schlüter. A predominância da direita nos países do norte da Europa patrocinou as condições para que as políticas desse modelo econômico fossem implementadas.
A partir das experiências vividas nesses países e das dificuldades para aplicá-los nos poderes desenvolvidos, uma nova versão apareceu um pouco mais keynesiana, com tendência monetarista.
Como resultado da atual crise do capitalismo neoliberal, propôs-se uma renovação heterodoxa da ideologia neoliberal, onde a liberdade máxima dos mercados seria contemplada, mas com intervenções específicas do Estado, a fim de tomar medidas corretivas contra qualquer deficiência.
Autores representativos
Friedrich August Von Hayek (1899-1992)
Filósofo, economista e jurista austríaco. Seu livro The Road to Servitude é considerado um dos fundamentos ideológicos do neoliberalismo.
Em seu trabalho, Von Hayek faz um ataque fervoroso contra o Estado, porque considera que interfere no livre funcionamento do mercado, ameaçando assim a liberdade econômica e política de um país.
Milton Friedman (1912-2006)
Economista americano, que recebeu o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas em 1976. Ele foi um dos criadores da teoria monetária.
Esta teoria sustenta que para alcançar um crescimento econômico estável sem inflação, é necessário usar as forças do livre mercado. Essas forças são muito mais eficientes do que uma intervenção de origem pública.
Walter Eucken (1891-1950)
Economista alemão, fundador do ordoliberalismo, que é uma doutrina relacionada ao conceito de economia social de mercado.
Sua teoria considera o Estado como uma entidade colaboradora na formação da ordem econômica, mas não como participante no gerenciamento de tais processos.
Wilhelm Röpke (1899-1966)
Sociólogo e economista alemão, que fazia parte da Sociedade Monte Péterin. A influência de Röpke na política econômica da Alemanha Federal é amplamente reconhecida. Ele foi um dos intelectuais ligados à "economia social de mercado" e ao chamado "milagre alemão".
Governos neoliberais na história
Argentina
O governo de Carlos Menem transformou o peronismo em uma força econômica neoliberal, baseada na economia de livre mercado. Em 1991, ele teve que enfrentar um surto de hiperinflação ao lançar o Plano de Conversibilidade.
Neste fixou um único tipo de mudança, modificável apenas por lei, onde um peso era igual a um dólar. Ao mesmo tempo, o Banco Central emitiu apenas um peso se tivesse um dólar em suas reservas.
Inglaterra
Durante seu mandato, Margaret Thatcher implementou reformas neoliberais, entre as quais a redução do setor público e dos impostos e a reforma das taxas de câmbio. No longo prazo, isso reativou a economia, impulsionando o setor produtivo.
Estados Unidos
A administração de Ronald Reagan formulou ações econômicas neoliberais, como redução de impostos, desregulamentação financeira e expansão do déficit comercial. Essas ações impactaram os ambientes político e militar, criando um grave déficit fiscal.
Chile
Na ditadura de Augusto Pinochet, o modelo neoliberal teve uma fase inicial ortodoxa; Isso resultou em uma grave crise cambial.
Em 1985, iniciou-se uma fase mais elástica e pragmática, intensificando a privatização das empresas estatais e dos serviços sociais, dando origem ao "milagre chileno".
Bolívia
Em 1985, o governo de Víctor Paz Estenssoro estabeleceu o plano neoliberal denominado Nova Política Econômica (NPE). Esse plano incluiu o controle da inflação e várias estratégias para ativar o desenvolvimento econômico, paralisadas desde 1981.
O sucessor presidente, Jaime Paz Zamora, continuou o NPE, propondo reformas estruturais adicionais para aprofundá-lo.