Francis Bacon: Biografia, Filosofia, Contribuições e Obras

Francis Bacon (1561-1626) foi um notório filósofo, político, advogado e escritor inglês, cujo conhecimento o tornou o pai do empirismo filosófico e científico. Suas contribuições são sintetizadas em três gêneros; literário, político e filosófico. Este último foi o mais importante para obras-primas como O Avanço do Conhecimento (1605) e Indicações Relativas à Interpretação da Natureza ( Novum Organum ) (1620), sua principal criação.

Sua pesquisa centrou-se na reformulação das técnicas de estudo científico, pois, em sua opinião, as conclusões obtidas sobre a natureza não eram apenas erradas, mas também dificultavam o avanço da ciência.

Para Sir Francis Bacon, os sentidos representam a base fundamental do conhecimento, enquanto a descoberta da natureza e seus fenômenos é o propósito da investigação.

Através de reflexões expostas em seu trabalho sobre realizações morais e políticas em 1597, ele era conhecido como um dos grandes fundadores do ensaio na Inglaterra, um método que, além de proporcionar uma experiência intelectual compartilhada, é facilmente compreensível.

Biografia

Infância e estudos

Francis Bacon nasceu em 22 de janeiro de 1561 na cidade de Londres, Inglaterra. Ele era filho de Sir Nicholas Bacon, portador do importante selo de Elizabeth I, e Anne Cooke Bacon, uma das mulheres mais esclarecidas e educadas de sua época.

Sua mãe foi responsável por educá-lo durante os primeiros anos de vida sob os princípios puritanos e calvinistas.

Depois de frequentar a Universidade de Cambridge e a prestigiosa Gray's Inn Law School, em Londres, Bacon tornou-se membro do Parlamento Britânico em 1584.

Apesar disso, Elizabeth não teve muito apreço, razão pela qual sua carreira só conseguiu prosperar quando o rei James I chegou ao poder em 1603.

Durante esse mesmo ano, Bacon recebeu o título de cavaleiro, juntamente com o direito de portar o selo da Coroa quando o pai morresse.

Primeiros estudos em filosofia

No entanto, os interesses reais de Bacon foram orientados para a ciência. É importante ter em mente que a maior parte do trabalho científico desenvolvido na época se concentrava nas idéias da Grécia Antiga e do pensamento aristotélico.

Desta forma, Bacon começou estudando vários princípios científicos baseados na metodologia de Aristóteles.

Sustentava que a verdade científica poderia eventualmente ser revelada se vários homens inteligentes discutissem um determinado assunto por um considerável período de tempo.

Com o tempo, Bacon questionou esse argumento autoritário, buscando evidências reais para provar sua veracidade.

Novum Organum

Foi assim que, em 1620, decidiu escrever e publicar suas idéias no livro Indicações Relativas à Interpretação da Natureza (Novum Organum). Lá ele apontou a maneira correta pela qual os seres humanos podem adquirir conhecimento de maneira natural.

Antes da publicação do Novum Organum, a carreira política de Bacon continuou a crescer. Em 1618 ele foi nomeado chanceler, assumindo a posição política mais poderosa da Inglaterra.

Também no ano de 1621 ele foi designado como Visconde de St Albans. Durante este período foi apontado negativamente pelo Parlamento, admitindo a aceitação de vários subornos.

Graças às acusações feitas contra ele, Bacon foi multado, preso e revogado do tribunal. Embora o rei o tenha perdoado publicamente, sua carreira política e pública chegaria ao fim durante esse período.

Morte

Depois de deixar a prisão, Bacon se retirou para sua casa em Gorhambury, Hertfordshire, onde continuou seu trabalho de escrita. Ele morreu em 9 de abril de 1626 em Londres.

Filosofia

O pensamento de Francis Bacon é considerado um dos principais e primeiros dentro do contexto da filosofia moderna.

Desde tenra idade, Bacon sentiu que era necessário para a filosofia gerar benefícios na vida cotidiana, e que toda essa doutrina de pensamento que permanecia no campo acadêmico era estéril.

Bacon acreditava que ainda havia muitos obstáculos que impediam as pessoas de pensar em uma filosofia da natureza mais realista e verdadeira. Portanto, sua intenção era eliminar esses obstáculos e oferecer um tipo diferente de pensamento.

Então, Francis Bacon se concentrou no que ele chamou de filosofia natural, que mais tarde seria conhecida como física.

A verdadeira intenção de Bacon era entender as situações cotidianas e de que maneira poderia ser feito que as pessoas em geral pudessem aplicar melhorias nessas situações.

Pensamento abstrato

Para Bacon, os aspectos abstratos eram preferidos pela chamada elite intelectual, e ele achava que a análise excessiva dessas questões não tinha nenhum efeito positivo sobre as pessoas, interessadas em reinos mais terrenos, para dizer o mínimo.

Portanto, para Bacon, o pensamento de Platão e Aristóteles estava focado de maneira errônea, de modo que, desde muito cedo, ele se tornou um adversário desses tipos de pensamento.

Para Bacon, tanto as ciências como todas as expressões artísticas devem estar disponíveis ao ser humano e ser responsáveis ​​perante ele.

Um dos pontos importantes de seu pensamento é que ele deu especial importância à análise e descoberta do que melhora a qualidade de vida das pessoas, cuja real funcionalidade é vista nos resultados obtidos pelas mesmas pessoas.

Ciência e religião

Em relação à religião, para Bacon não era justificável que a Igreja se sentisse ameaçada pela evolução das ciências.

Bacon acreditava que era possível que muito pouco conhecimento das ciências influenciasse negativamente as crenças religiosas das pessoas, levando-as a considerar a inexistência de Deus.

No entanto, Bacon também afirma que, pelo contrário, quando há um profundo e amplo conhecimento das ciências e suas implicações, faz os seres humanos acreditarem em Deus novamente.

Um aspecto que Bacon estabelece claramente é o seu desprezo pelas discussões baseadas na teologia, porque ele considera que elas desencadeiam muitos conflitos e que elas são desfavoráveis ​​na geração de um contexto social pacífico.

Democratização da Filosofia

Ao se referir a Francis Bacon, alguns autores destacam o fato de que esse cientista conseguiu democratizar a filosofia, dado que o elemento mais interessante para ele eram os assuntos dos seres humanos.

Bacon acreditava que o progresso material era importante, mas que por si só não geraria felicidade absoluta nas pessoas.

Para ele, a única maneira em que era possível que esse progresso material resultasse em maior felicidade é se a base na qual tal progresso é construído é o amor, considerado não como uma idéia ou conceito, mas refletido em obras específicas.

Rejeição da filosofia antiga

Francis Bacon tornou-se um forte opositor da filosofia antiga, especialmente da filosofia grega. Ele considerou que esse pensamento não tinha aplicação na vida cotidiana, por isso não era útil.

Parte das idéias de Bacon pode ser explicada na corrente protestante da época, que mostrava uma rejeição da filosofia, basicamente porque não era considerada uma atividade para fins práticos. Bacon acreditava que a lógica aristotélica só funcionava para realizar disputas verbais.

Francis Bacon pode ser considerado um representante do pensamento protestante, cujas bases reduziram a importância do pensamento contemplativo. É neste contexto que Bacon considera que a chamada filosofia escolástica é contrária ao ser humano, na medida em que seu caráter é puramente contemplativo e até mesmo especulativo.

Para Bacon, apenas o fato da praticidade dos elementos indica se eles são realmente verdadeiros.

Focus

O centro do pensamento de Francis Bacon está nos resultados. A filosofia que ele propôs baseia-se na lógica de um processo que é de natureza técnico-científica.

Bacon introduz as experiências como aquelas ferramentas que servem para dominar a natureza, através das quais é possível enumerar os dados e interpretá-los de acordo com o que os sentidos nos fizeram observar ou perceber.

Para Bacon, há uma série de preconceitos, que ele chama de ídolos, o que é um grande obstáculo para a compreensão do mundo pelos seres humanos. Bacon acredita que a capacidade de compreensão dos homens é muito menor, por isso é necessário se livrar desses preconceitos que obscurecem esse entendimento.

Os ídolos mencionados por Bacon são quatro: da caverna, da tribo, do teatro e da praça pública ou do fórum.

Os ídolos da caverna são os preconceitos que foram adquiridos pelas pessoas como resultado da educação recebida, bem como todos os hábitos que foram obtidos ao longo do tempo.

Os ídolos da tribo correspondem aos preconceitos que são comuns entre todas as pessoas que fazem parte da mesma sociedade.

Os ídolos do teatro são aqueles que vêm do que Bacon considera falsa filosofia.

- Os ídolos da praça ou fórum público são aqueles que correspondem aos preconceitos aprendidos em decorrência do uso indevido da linguagem, sendo muitas vezes utilizados de maneira imprecisa.

Método ciêntifico

Depois de enumerar os principais preconceitos com os quais os seres humanos são confrontados, Francis Bacon estabelece a importância de ordenar experiências, de modo que os resultados obtidos das observações sejam o mais próximo possível da verdade.

É nesse campo que ele introduz a indução lógica, como elemento fundamental do método científico.

Para Bacon, existem três elementos fundamentais para a organização e subseqüente interpretação dos dados gerados a partir da observação. Para o conjunto destes três elementos, ele chamou de Teoria das três tabelas.

A primeira tabela foi chamada por Bacon como "tabela de presença", e corresponde ao cenário em que deve ser indicado em quais casos o fenômeno que está sendo observado ocorre.

A segunda tabela foi chamada de "tabela de ausência", e é o espaço em que devem ser indicados quais são os casos em que o fenômeno que está sendo estudado não é gerado.

Finalmente, a terceira tabela foi chamada de "tabela de graus", e corresponde ao cenário em que os casos em que o fenômeno em questão apresenta variações em diferentes graus de intensidade serão indicados.

Contribuições mais significativas

O ensaio

O ensaio é um texto escrito em prosa no qual um autor desenvolve suas idéias sobre um determinado assunto com caráter e estilo pessoal.

Embora o ensaio tenha surgido inicialmente em 1580 com uma obra do escritor francês Michel de Montaigne, foi em 1597 que Francis Bacon fez seus ensaios Ensaios, consistindo de dez escritos que o fariam - de acordo com seus contemporâneos - o principal referente do ensaio.

Esses escritos, ampliados na segunda edição (1612) com 38 ensaios adicionais - indicados por Bacon como "uma recriação de meus outros estudos" - alcançaram grande popularidade por seu estilo simples, sem adornos de lingüística e questões abordadas de natureza pública ou privada., analisados ​​a partir de diferentes perspectivas.

Novum Organum

Em 1620, Francis Bacon escreveu sua obra Novum Organum ( Indicações Relativas à Interpretação da Natureza), que defende a ciência como o método apropriado para o homem ter controle sobre a natureza.

Na próxima seção, falaremos sobre esse trabalho com cuidado.

Método indutivo

O método indutivo fornece ao pesquisador dados gerais de um mais detalhado. Este conceito resume o que Mora (1990) afirma, que afirma que:

Consiste no procedimento lógico formal que parte de princípios universais (método dedutivo) e depois se aplica a fatos ou casos específicos, ou prossegue em sentido inverso (método indutivo), ou seja, parte dos fatos e dados concretos para inferir daí logicamente conclusões ou generalizações de um caráter mais universal . (p.211)

Bacon tentou criar através do método indutivo uma ferramenta prática para analisar experiências, partindo de características muito específicas ou comuns entre os fatores analisados ​​e, assim, chegando a uma conclusão mais generalizada.

Acredita-se que esse grande filósofo tenha incluído a lógica no indutivismo, uma fórmula que foi de grande importância no desenvolvimento de pesquisas e na melhoria de hipóteses científicas.

O uso da tecnologia

Durante sua carreira, Bacon produziu um extenso corpo documental. Embora suas análises do pensamento científico não tenham tido um impacto significativo, a maneira pela qual o trabalho da ciência deve ser realizado serviu como diretrizes.

Para Bacon, o uso da tecnologia era essencial e deveria ser democratizado. Ele argumentou que, durante o século XVII, as pessoas faziam uso de uma tecnologia melhor, em comparação com o que existia na Idade Clássica.

Alguns exemplos que Bacon apontou incluem a imprensa, que permitiu a democratização do conhecimento; pólvora, que deu mais poder aos exércitos; e a bússola magnética, que facilitou a navegação dos navios e permitiu a descoberta das Américas.

O novo mundo científico

Em seu livro Instauratio, Bacon aponta que o conhecimento pode ser descoberto em todas as atividades humanas.

Graças a ele, os pensadores começaram a se afastar das idéias dos pensadores clássicos (dos territórios mediterrâneos), e começaram a levantar métodos de exploração da natureza, alguns deles válidos até hoje.

O campo científico foi enriquecido economicamente e intelectualmente graças aos postulados de Bacon e às descobertas deles derivadas.

Rejeição pela filosofia clássica: uma nova maneira de pensar

Durante o século XVII, a maioria dos professores e pensadores era responsável por estudar as palavras de Aristóteles e seus estudos sobre a natureza, como se fossem verdades absolutas. Nenhum estudioso permitiu que a ciência fosse estudada de outra maneira.

Bacon, por outro lado, estava encarregado de substituir as obras de Aristóteles e Platão (com base em argumentos lógicos e filosóficos), com um novo corpo de estudo e conhecimento científico (baseado em experimentos e observações).

Ele também se opôs à tendência de Aristóteles, Platão e muitos filósofos gregos de misturar idéias científicas e religiosas.

Bacon acreditava que a ciência e a religião deveriam ser estudadas independentemente umas das outras. Ele diferia amplamente daqueles que afirmavam que as leis da natureza faziam parte de um propósito "superior".

Bacon achava que as leis da natureza estavam no mundo prontas para serem descobertas e, se possível, exploradas.

Perguntas sobre a natureza

Bacon acreditava que os segredos da natureza não são fáceis de desvendar. Ela propôs que, para saber o que ela tem a oferecer, devemos trabalhar vigorosamente, fazendo tantas perguntas quanto possível.

Para descobrir os segredos da natureza, devemos usar experimentos e perguntas. Só então podemos revelar a verdade que está nele.

A verdade da natureza não é revelada pela observação filosófica de Aristóteles, vai além da meditação e das idéias.

A verdade da natureza é revelada com a ajuda de dados coletados de maneira consistente e organizada. Esses dados são analisados ​​posteriormente.

Teoria empírica da filosofia

Para Bacon, a natureza só pode ser conhecida através dos sentidos. Este deve ser o único objeto de estudo, pois tem muitas qualidades e formas.

É assim que Bacon sustenta que a interpretação que os sentidos fazem da natureza é sempre verdadeira e representa uma fonte primordial de conhecimento.

Bacon deixou dentro de seu legado a noção de obediência de natureza sempre mutável e composta de leis.

De acordo com o julgamento de Bacon, a natureza nunca poderia ser dominada, porque a matéria que a compõe está sempre em movimento.

Obras

Francis Bacon produziu vários trabalhos, enquadrados em diferentes áreas, entre os quais o político, literário e filosófico. Abaixo estão dois de seus trabalhos mais importantes no campo da filosofia:

O avanço do conhecimento

O avanço do conhecimento foi uma obra publicada por Bacon em 1605. Pensou-se que este livro era simplesmente um rascunho do que é considerado o principal trabalho de Bacon, chamado Novum organum .

No entanto, várias investigações mostraram que o avanço do conhecimento corresponde a um trabalho em si. Com uma abordagem interessante, falamos sobre a raiz e evolução do pensamento de Francis Bacon.

Esta foi uma das primeiras obras de Bacon, que começou a ter lugar quando este autor já tinha 40 anos, porque antes se dedicava exclusivamente à política.

Novum organum scientarum

O título deste trabalho se traduz em espanhol como Novos instrumentos da ciência e corresponde ao livro de escritos mais relevante e publicado por Francis Bacon.

O livro foi criado com um propósito principal; desacreditar as obras aristotélicas conhecidas como Organon, que segundo Bacon refletem uma série de erros conhecidos como "ídolos": da tribo, caverna, praça pública e teatro.

Em Novum Organum (1620), Bacon explica que:

"O homem, por sua queda, perdeu seu estado de inocência e seu império sobre a criação, mas uma e outra perda podem, em parte, ser reparadas nesta vida, a primeira para religião e fé, a segunda para artes e ciência »(p.199).

Bacon desaprovou completamente as teorias de Aristóteles e censurou seus métodos, acreditando que eram inúteis porque desfrutavam de um estilo tedioso, orientado exclusivamente para debates e não para o benefício de criar obras de grande valor para a vida humana.

Bacon deduziu que a Revolução Industrial abriria o caminho para grandes desafios que forçariam as pessoas a encontrar ferramentas práticas que interferissem na lógica aristotélica.

No Novum Organum difere do Organon de Aristóteles em duas contribuições: um método para realizar induções avançadas, e outro de exclusão, no qual Bacon propõe que inicialmente é necessário obter dados amplos e precisos e então começar a eliminar alguns deles (teoria destrutivo).

Então ele propõe um método construtivo que ele chama de "teoria das três tabelas"; a primeira é a tabela da presença na qual o espaço em que esse fenômeno ocorre é indicado.

A tabela oposta é especificada na tabela de ausência, ou seja, na qual essa natureza não é fornecida. Finalmente, há a tabela de graus que aponta para os diferentes graus de intensidade em que o ambiente é observado.