Didática crítica: características, autores, exemplo de aplicação

A didática crítica é uma corrente pedagógica que entende o ensino como um processo eminentemente político. Baseia-se nas idéias da teoria crítica, bem como nas teorias extraídas de campos como a educação, a sociologia e o estudo da cultura.

Os defensores da didática crítica rejeitam a idéia tradicional de que o ensino deveria ser um ato neutro. Pelo contrário, pensam que os atos de ensinar e aprender estão intimamente relacionados a outras questões de importância vital, como a democracia, a justiça social e o ativismo político.

O principal objetivo da pedagogia crítica é a emancipação dos cidadãos da opressão, através do despertar do que é conhecido como "consciência crítica".

Quando isso é alcançado, a consciência crítica encoraja os indivíduos a produzir mudanças em suas próprias vidas através de críticas sociais e protestos políticos.

Funcionalidades

A didática crítica é uma disciplina que ainda está em desenvolvimento. Portanto, cada um dos autores que contribuem para isso tem diferentes teorias sobre como deve ser aplicado em sala de aula.

No entanto, existem vários recursos sobre os quais a maioria dos autores concorda. Em seguida, vamos ver o mais importante deles.

Promove o pensamento crítico

A didática crítica tenta ajudar os alunos a refletir sobre os valores, idéias e crenças que adquiriram devido ao seu desenvolvimento dentro de uma sociedade concreta.

Isso é particularmente importante para os autores da teoria da pedagogia crítica, pois pensam que o sistema educacional ajuda a perpetuar esse tipo de ensino.

Portanto, em uma sala de aula em que a visão crítica da educação é promovida, os alunos devem aprender a pensar por si mesmos e a pensar sobre os conhecimentos e as ideias que estão adquirindo.

Essa crítica ao conhecimento adquirido é feita com a esperança de que ele ajude os estudantes a viver uma vida mais livre, na qual eles não são condicionados pelos ensinamentos sociais que receberam ou por idéias que eles próprios não determinaram como válidos.

Crítica da ideologia vigente

Um dos aspectos que mais preocupa os autores da pedagogia crítica é a manutenção de ideologias que consideram erradas. Assim, muitos deles são contra conceitos como o capitalismo.

Portanto, uma sala de aula na qual a metodologia crítica da educação é aplicada deve servir como uma plataforma para os alunos refletirem se o modelo vigente na sociedade é o mais adequado ou não.

União de teoria e prática

De acordo com a didática crítica, a teoria e a prática no ensino são inseparáveis, porque o conhecimento que é adquirido em um objeto é condicionado pela interação que ele tem com ele.

O modelo mais desenvolvido neste sentido é aquele conhecido como «pesquisa-ação». Nela, os alunos têm um papel ativo em seu próprio processo educacional, tendo que tomar decisões sobre o que querem aprender e como querem fazê-lo. O professor, portanto, tem apenas um papel de facilitador da aprendizagem.

Racionalidade

A pedagogia crítica tenta promover, acima de tudo, a racionalidade nos alunos. Para alcançá-lo, o método escolhido é superar a subjetividade das opiniões pessoais, contrastando-as com as experiências dos outros. Desta forma, as idéias de cada aluno devem ser avaliadas por outras pessoas.

Portanto, a partir desse modelo educacional, debates, discussões e trocas de opiniões tornam-se algumas das ferramentas mais importantes para a aquisição de conhecimento.

Isso difere muito da educação tradicional, na qual os alunos têm que aceitar o conhecimento que vem de fora como válido sem examiná-lo.

Negação do método empírico

Da pedagogia crítica, a crença de que o mundo não pode ser reduzido a simples relações de causa e efeito é promovida.

Portanto, para os defensores dessa teoria, a experiência subjetiva do mundo é mais importante do que as descobertas experimentais feitas pela pesquisa científica.

Desejo de mudança social

Finalmente, o principal objetivo da didática crítica é incentivar os alunos a questionar o sistema social em que vivem e alcançar sua liberdade através da luta política e do ativismo social.

Autores em destaque

Embora existam muitos autores que trabalharam para desenvolver a disciplina da didática crítica, podemos destacar três principais pensadores por trás dessa ideologia: Paulo Freire, Henry Giroux e Peter McLaren.

Paulo Freire

Este brasileiro foi o criador do conceito de didática crítica, em seu livro de 1968 A Pedagogia do Oprimido .

Freire, que na época era professor de história e filosofia da educação na Universidade do Recife, tentou criar um modelo educacional que ajudasse os mais desfavorecidos em sua luta pela sobrevivência.

Henry Giroux

Giroux é um pensador americano que ajudou a levar a pedagogia crítica ao seu país. Seu trabalho se concentra em criticar ideologias como o neoliberalismo, o fundamentalismo religioso ou o imperialismo, e defende um movimento conhecido como democracia radical.

Suas obras são algumas das mais influentes neste campo; e hoje, ele escreve para uma multidão de mídia internacional, tendo alcançado grande fama dentro dos círculos de crítica pedagógica e cultural.

Peter McLaren

Este canadense nascido em 1948 é considerado um dos pais da didática crítica. Sua fama baseia-se principalmente em sua extensa crítica contra o capitalismo e o neoliberalismo, tendo sido influenciada pela filosofia marxista.

Hoje, ele ensina Estudos Críticos na Chapman University, em Los Angeles.

Exemplo de aplicação

Como a didática crítica é baseada principalmente na troca de idéias entre os alunos, o formato principal das aulas é o debate.

A operação de uma sessão educacional é a seguinte: o professor propõe uma questão ou aponta um problema existente na comunidade, e os alunos devem trocar idéias e opiniões sobre o assunto até chegar a um consenso.

Durante esse processo, eles são encorajados a buscar informações sobre o que estão discutindo, de forma que aprendam enquanto geram seus próprios conhecimentos.