O que é afrocolombianidade?

Afro-colombiano refere - se a comunidades descendentes de escravos africanos e maroons que vivem na Colômbia.

Cimarrones são chamados de escravos que escaparam em busca de sua liberdade para a selva ou a montanha, e lá se estabeleceram os famosos palenques, ou aldeias protegidas.

É um grupo populacional que alcançou sua liberdade, com a Lei de Liberdade de Escravos emitida em 1851, mas adquiriu visibilidade como sujeitos legais com direitos, quando a Constituição Política de 1991, a inclui e lhe confere a denominação de comunidades negras.

Isso significa que depois que a escravidão foi abolida, eles estavam no limbo legal por muitos anos. Ou seja, eles habitavam o território colombiano, mas ilegalmente.

Outras denominações que recebem popularmente são negros, pardos ou nichos, assim como afrodescendentes e aqueles que são usados ​​para nomear o povo dos raizales do Arquipélago de San Andrés e Palenque de San Basilio.

Segundo dados do Departamento Administrativo Nacional de Estatísticas (DANE), no censo de 2005, a população afro-colombiana ultrapassa 4 milhões de pessoas, representando 10, 62% da população do país.

O maior assentamento afro-descendente é em Barranquilla, onde eles representam 9% da população total. Cali, Cartagena, Bogotá e Medellín também têm uma porcentagem significativa da população afro-descendente.

Afrocolombianidade na história

O pano de fundo histórico da população afro-colombiana está localizado no século XVI, com a chegada de escravos de lugares como Angola, Gana, Costa do Marfim, Serra Leoa e Senegal.

Os espanhóis e os britânicos foram os que os trouxeram, como parte de uma atividade comercial muito lucrativa para a época, com a qual substituíram a população nativa empobrecida em troca de bens como o ouro, por exemplo.

Uma vez na América, eles foram vendidos nos portos e mercados para proprietários de terras para atendê-los.

Milhares permaneceram sob o jugo de seus donos e muitos outros conseguiram escapar para a selva ou a montanha (os maroons), como Benkos Biohó.

Aos poucos, eles povoavam espaços cada vez mais extensos e se misturavam com os nativos colombianos para dar lugar ao que hoje é conhecido como afro-colombiano.

Afro-colombianos e a independência da Colômbia

O movimento de independência na Colômbia, através de José Antonio Galán, em primeiro lugar, recrutou em suas fileiras muitos dos escravos que libertou ao passar por Cauca, Magdalena e Antioquia.

Progressivamente, escravos de haciendas de outras áreas se juntaram voluntariamente. Nesta etapa aparecem nomes como os dos negros Vicente de la Cruz e Eusebio Quiñones.

Esta disposição de se juntar à luta deveu-se a uma esperança, baseada em grande parte na promessa de Simón Bolívar, de obter liberdade e acesso a melhores condições se o poder da coroa espanhola fosse terminado.

Essa promessa foi feita pelo herói em sua jornada pelo território colombiano e também em sua busca de apoio no Haiti, antes do presidente Alexandre Pétion, que respondeu fornecendo pessoal e abrindo. A partir deste momento, surgem líderes afro-colombianos como José Prudencio Padilla.

No entanto, Bolívar não cumpriu e só foi aprovado na Colômbia independente, uma lei de "Liberdade do útero" segundo a qual os filhos de escravos nascidos após 1821 teriam liberdade para completar 18 anos de idade.

Mais tarde, o arcabouço legal também permitiu que, se uma pessoa branca acusasse um negro de vaga, este fosse preso e seu acusador poderia libertá-lo em troca de trabalho em suas terras.

Afro-colombianos e a cultura da Colômbia

Há muitos exemplos da presença africana na terra colombiana, como a cumbia, o preto e o sancocho, por exemplo, mas aqueles que ganharam maior visibilidade foram os reconhecidos pela Unesco como Patrimônio Imaterial da Humanidade:

  • a musica da marimba
  • as canções tradicionais do Pacífico Norte
  • o Palenque de San Basilio
  • e o carnaval de Barranquilla.

Há também rituais como funerais no bairro de La Manga (Barranquilla), onde a alma do falecido é descartada entre lamentos, danças e canções. Além disso, é onde um lumbalú é feito e acredita-se que essa alma estará entre eles por 9 dias, visitando-os às 6h e às 17h30.

Este rito também é praticado em outros bairros ou áreas consideradas colônias afro-descendentes.

A língua crioula de Palenquera, originária de Palenque de San Basilio, é outro exemplo da contribuição cultural dos africanos.

É uma língua crioula com uma base lexical espanhola que é misturada com as línguas Bantu da África Central, como Kikongo e Kimbundu.

Foi constituída em uma forma de resistência que foi discriminada até recentemente, mas que hoje tem o reconhecimento de ser Patrimônio Imaterial da Humanidade pela UNESCO (2005).

Literatura oral e escrita, danças cantadas, medicina tradicional, gastronomia e até penteados são elementos da cultura africana que estão presentes na Colômbia e que muitos tentam preservar.

Embora seja uma população que ainda é alvo de discriminação, vem ganhando reconhecimento entre a sociedade colombiana e atualmente tem um dia, 21 de maio, em que se celebra o Dia Nacional Afro-Colombiano.

É uma data marcada para rejeitar o racismo, celebrar a diversidade e reconhecer o patrimônio cultural e os direitos dos afrodescendentes.

A promulgação da Lei da Abolição da Escravatura de 1851, pelo governo de José Hilario López, também é lembrada.

De fato, na comemoração desta data em 2015, a Década Internacional dos Afrodescendentes, que estabeleceu a ONU até 2024, começou para o reconhecimento dessa população no mundo.